Carta da Lua, do tarot: use esta energia para entender a si mesmo
Quem nunca ouviu a grande frase "conhece-te a ti mesmo", normalmente associada a Sócrates (479 -399 a.C.), mas que na verdade, era a inscrição que se via na entrada do Oráculo de Delfos, ou ainda a frase "torna-te o que és" associada ao poeta grego Píndaro (518 - 437 a.C)? Ambas as frases possuem a […]
Quem nunca ouviu a grande frase "conhece-te a ti mesmo", normalmente associada a Sócrates (479 -399 a.C.), mas que na verdade, era a inscrição que se via na entrada do Oráculo de Delfos, ou ainda a frase "torna-te o que és" associada ao poeta grego Píndaro (518 - 437 a.C)? Ambas as frases possuem a mesma intenção: manifestar a nossa individualidade, ou seja, a grande realização que o psiquiatra Jung (1875 - 1961) defendia. Vamos utilizar a carta da Lua, do tarot, para mergulhar um pouco mais nesse processo.
Individualização
Almir Sater eternizou em seus versos da canção Tocando em Frente uma inspiradora reflexão sobre esse assunto de individualização quando recitou: "Cada um de nós compõe a sua história, cada ser em si carrega o dom de ser capaz, de ser feliz." Mas pouco antes desse trecho, expressa também o desafio que foi traçar esses passos, mas a satisfação que conseguiu sentir ao se conscientizar de si mesmo.
O processo de individualização é extremamente doloroso, nos leva a confrontar vários aspectos sombrios em nós, reconhecendo-os e despindo-se das personas e das imagens que criamos para nós e também sobre nós mesmos, simplesmente para enfrentar os primeiros desafios da nossa existência. E como é complicado se despir disso, já que em algum momento foi muito válido e nos trouxe até aqui. Vemos então como se torna necessário mapear tudo isso e ver a compensação que elas nos trazem, enxergar com responsabilidade a verdade de uma situação e de libertar.
A Lua e as nossas várias faces
A carta da Lua, do tarot, nosso satélite natural, possui 4 principais fases: Nova, Crescente, Cheia e Minguante e mais quatro intermediárias, que marcam totalmente o ritmo da nossa biologia e os ciclos da natureza. Nos estudos astrológicos e simbólicos, essa potência está relacionada com a fecundação da nossa consciência que tem como ápice e objetivo a nossa individuação. A Lua representa o nosso corpo emocional, que carrega a nossa memória mais antiga, desde o início da nossa gestação, é a representação dessas personas que vamos assumindo ao longo da vida e que muito facilmente, nos distancia da nossa verdade, mas que também de uma maneira muito fácil nos ilude compensando nossos medos e dores.
Simbolismo da carta da Lua, do tarot
A simbologia da carta da Lua, do tarot, nos coloca diante da necessidade de confrontarmos a nós mesmos e as nossas emoções, não como uma maneira de se castigar ou se julgar, mas sim como uma maneira responsável e madura de enfrentar nossos medos, sem esperar recompensas, pois em sua soma transversal está ligada ao Eremita - aquele que se abstém de muita coisa e que representa a energia madura de Saturno, sobre encarar e bancar a nossa própria história. A carta da Lua, do tarot, é a última prova difícil do caminho, é o verdadeiro encontro com o Ego.
O portal desse arcano está relacionado ao conhecimento hermetista da Lei da Polaridade: quem domina esta lei pode transmutar seu medo em coragem, por exemplo. Se olharmos para essa carta com atenção, veremos que quase todos os símbolos são duais: vemos a Lua e o Sol (Consciência e Inconsciência, Superego e Ego), trazendo a representação de um Eclipse Solar, quando o inconsciente toma conta da consciência; o Cachorro e Lobo (a Fidelidade, Ingenuidade e a Rebeldia, Animalidade); Temos ainda as duas torres representando o pensamento concreto, além de outros elementos como o Lagostim, que em algumas representações ele está submerso na água, já em outras parece estar saindo do lago.
Processo contínuo e libertador
Mas o que poucos sabem é que esse animalzinho caminha para trás, representando a necessidade de caminharmos para nossas profundezas, a fim de se conscientizar da potência do nosso inconsciente que precisa ser trabalhado ao nosso favor, ou que subitamente nos fará de joguetes. Além desse grande trabalho de conscientização, a individuação só é selada com o nosso retorno. É preciso saber voltar do inferno ou ali ficaremos eternamente escravizados contando historinhas para nós mesmos. É preciso fazer como Dante Alighieri em seu último verso sobre sua longa viagem: - Depois da longa caminhada subimos, ele primeiro e eu atrás, passando por uma pequena abertura na pedra, para enfim, rever as estrelas.
Texto: Felipe Bezerra é Tarólogo, Astrólogo e Terapeuta Holístico na Origem Therapias.