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A razão é incapaz de conter a emoção, diz vidente

25 ago 2014 - 12h36
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<p>A atriz&nbsp;Olivia Hussey e o ator Leonard Whiting em adapta&ccedil;&atilde;o de &#39;Romeu e Julieta&#39; para o cinema</p>
A atriz Olivia Hussey e o ator Leonard Whiting em adaptação de 'Romeu e Julieta' para o cinema
Foto: Keystone / Getty Images

O Espírito lança dois fios. Nascem da mesma fonte, mas independentes, levam energia a dois domínios diferentes: o cérebro e o coração. Razão e emoção, separados e autônomos, vivem uma trégua frágil que pode, com facilidade, se romper e descambar para conflito. 

Entidades distintas, pólos afastados de um binômio, marcam nossa personalidade, a maneira de ser do nosso eu, como forças antagônicas que se opõem diametralmente. O cérebro, sempre dominador, senhor das situações, trabalha incansável para que a pessoa reivindique o direito sobre ela mesma. 

Já o coração, com suas inclinações para a vassalagem, feliz como servo, não importa ser dominado e aceita subjulgar-se ao direito alheio. Seus projetos não temem — infelizmente, muitas vezes — a submissão e o comprometimento da liberdade.

Como seres abertamente racionais, queremos acreditar que o cérebro não permitiria qualquer ameaça ou perda de controle vinda do terreno do coração. Como se sabe, e algumas vezes se constata dolorosamente na prática, não é bem assim que as coisas funcionam.

Sedução fala fundo e desalinha nosso compromisso com as coisas esperadas e aceitáveis. A paixão é doce veneno de loucura e descontrole, passa por cima das convenções e leva a atitudes surpreendentes. 

O nosso rico repertório cultural é pedagógico nesse sentido. A razão, mostra nosso patrimônio de civilização, não é capaz de conter os impulsos e desvarios da emoção, o cérebro falha ao tentar dominar o coração. Romeu e Julieta, Tristão e Isolda, Paolo e Francesca: casais unidos sob a pesada tempestade do sofrimento e do desequilíbrio. 

Há uma exceção, Ulisses. Sempre ele, o ardiloso, o dissimulado. Atravessando o mar das sereias, para não pular na água e se aforar, exige ser amarrado ao mastro do navio para poder ouvir, embevecido, os cantos das sereias. Seus marujos, mais racionais, tapam os ouvidos com bastante cera e prosseguem cuidando do leme e das velas. 

A perguntinha marota que podemos fazer é: como Ulisses lidou com tanto desejo e frustração? Bem, o que sabemos é que para lidar com as coisas do coração a ajuda cerebral é frágil e pouca, desprezível. Quando a doce melodia nos prende, nem toneladas de cera ou quilômetros de corda podem resolver.

Quer saber mais sobre o trabalho de Marina Gold ou entrar em contato com ela, clique aqui.

Fonte: Especial para Terra
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