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Caleidoscópio é metáfora perfeita da alma, diz vidente

14 abr 2014 - 08h33
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Foto: Getty Images

Lúdico, estético, cativante, sempre em movimento: assim é o caleidoscópio, objeto que ensina muito a quem procura autoconhecimento. Algumas grãozinhos coloridos, pouco mais do que uma dúzia de continhas, refletidas em espelho, criam uma miríade de possibilidades.

Antes de explorar melhor essa ideia, uma avaliação rápida do objeto em si. O caleidoscópio, pequeno artefato, chama a atenção, nesse mundo entulhado de eletrônicas e eletrônicos, pelo seu aspecto artesanal. Ninguém sabe onde ou quem o produz. Carrega consigo a fama de não poder ser adquirido. É coisa que não se compra. Deve-se ganhar de presente. Torcemos, então, para que em algum momento da vida, alguém nos agracie com um deles.

Apenas um pequeno tubo. Mas, instigante, parece convidar incessantemente: “venha ajudar a cumprir meu desígnio superior”. Hipnotizados, passamos, sem notar, horas a fio obtendo e perdendo, formando e transformando imagens luminosas. Repetição insistente, frenética, portadora de importante lição: a beleza, infinita — já que cada volta do apetrecho pode apresentar uma imagem ainda mais colorida e agradável —, é também precária, marcada pelo provisório.

A estrutura em questão é metáfora perfeita da alma. Espelhos nos premiam com distintas possibilidades, desenhos singulares, únicos. Mas, o que temos não é a essência e sim a aparência, uma aparência que transcende a matéria e faz o pensamento passear por caminhos desconhecidos. Porém, não esqueçamos, toda a riqueza visual que nos espanta nessa experiência é gerada, na profundidade, por partículas bem simples e pequenas.

Estamos diante, exatamente, do mecanismo do nosso crescimento pessoal. Duas ou três modestas qualidades – um punhadinho de boa energia, uma migalha de serenidade –, projetam sobre nosso viver cotidiano uma fulgurância intensa e dinâmica.

Preciso dizer mais? Vamos olhar a vida como um caleidoscópio e não como um martelo de ferro. Aceitar a fragilidade que caracteriza tudo. Deixar que as coisas, mesmo as pequenas, nos deslumbrem. Aproveitar o êxtase de cada cena. Sorver, agradecidamente, o sagrado de cada gota. Toda essa magia embevecida entendeu a poeta paranaense Helena Kolody: “Rezam meus olhos quando contemplam a beleza”.

Quer saber mais sobre o trabalho de Marina Gold ou entrar em contato com ela, clique aqui.

Fonte: Especial para Terra
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