Carta ao meu neto
Meu amado neto! (escrevo em dupla intenção: para você e outras avós que me deixariam feliz com a leitura). As asas do tempo bateram apressadas (como disse a Ira, banda de rock: “Jogo rápido”). Chegou seu aniversário de maioridade. Vinte e um anos. Aceita, então, com meu abraço, saber do Mundo que desejo para você.
Um Mundo simples onde a única dificuldade é a dificuldade de não haver nada que não seja simples. Um Mundo generoso e livre, de respeito pelos outros e respeito de todos por você. Não é pouco e muita gente se sacrificou imensamente por isso.
Um Mundo de amor pelos semelhantes naquilo que eles têm de diferente e único. Um Mundo de piedade e de justiça, de valorização da vida e do estar vivo. Não é pouco e muita gente se sacrificou imensamente por isso.
Um Mundo de esperança, de memória, de consciência. Um Mundo de verdade serena, que deixe de lado, como prática ultrapassada, a hipocrisia de mentiras e falsidades. Não é pouco e muita gente se sacrificou imensamente por isso.
Como esse Mundo, que desejo, ainda é porvir, o que ofereço? O conselho da dignidade e da coragem, companheiros ideais pelos ínvios caminhos. Aperte, meu amado neto, o elo da corrente, a certeza de que nada vale mais que uma vida (como disse o poeta Belchior: “Qualquer canto é menor do que a vida de qualquer pessoa”).
De coração grande avalie sempre pelo natural, o mais modesto, o mais cheio de justiça. Concebe o amanhã como coisa que não é exclusivamente nossa, como coisa que devemos tratar com cuidado.
Você pode indagar: “Que tipo de cuidado?” Ah, meu amado neto, o cuidado que devemos ter com o suor, a lágrima, o sangue. O cuidado que devemos ter com o Amor – inclusive aquele que, para que estivéssemos aqui, outros Amaram para nós.
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