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Companherizar

17 out 2019 - 09h00
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Tem amar e tem companheirizar, coisas diferentes. Amar é vinho, embriaguez, aquela explosão dos sentidos. Companheirizar é pão, o pão diário, lucidez no compartilhar cotidiano, aquela união sólida das tarefas.

Scott Everhart e Jason Welker depois de trocarem votos
Scott Everhart e Jason Welker depois de trocarem votos
Foto: Adrees Latif / Reuters

Casais que amam, mas não companheirizam, caminham para dissolução, em geral após conflito, dor, angústia, série de problemas. Companheirizar é o verbo que cimenta a relação, que a coloca erguida e a sustenta. 

O amor costuma ser pavio curto, queima rápido, ciclo dinâmico de ave de arribação, levanta voo cada primavera. Companheirizar depende fixidez, sedentarizar o coração, estabelecer centralização dos afetos, ficar para ver os frutos amadurecerem nas árvores. 

O amar — romântico, de poema e novela —, verdadeira tempestade das emoções, é, claro, experiência potente, radical. Contudo, castelo de areia, frágil, sujeito a toda sorte de transformações, precisa, para prosseguir, da ajuda do companheirizar.

Como funciona? Você, caro leitor, pode estar se perguntando: Como funciona o companheirizar? Fácil. Basta trazer para a relação amorosa todas as boas coisas além da atração sexual. 

Companheirizar é temperar o relacionamento com os carinhos e estimas da amizade, dos interesses, das atividades conjuntas, da meiguice familiar, da incondicionalidade do egoísmo — sim, aqui está o limite, dividir seu egoísmo com o outro, pensar e querer o outro como a si mesmo. 

Também vale notar desdobramentos distintos entre o amar e o companheirizar. Amar é explosão, companheirizar é construção. Amar é posse, companheirizar é entrega. Amar é força, companheirizar é resistência. Amar puxa para as coisas terrenas (imanentes), companheirizar ejeta para o espiritual (transcendente). 

O companheirizar não é o beijo, são as mãos atadas. O companheirizar não é o desejo, é o respeito. O companheirizar não é o abraço, é o colo. O companheirizar não é o orgasmo, são os risos. O companheirizar não é a alegria, é a felicidade. 

Amar arrebata, companheirizar aconchega. Amar é instantâneo, companheirizar é fluxo. Amar é nobre, companheirizar é fraterno. Amar é encontrar, companheirizar é confiar. 

Portanto, você que tão ansiosamente busca ou exercita o amor, pare um segundo, pense, abra espaço (espiritual inclusive) para mais intensamente companheirizar.  

Quer saber mais sobre o trabalho de Marina Gold ou entrar em contato com ela, clique aqui.

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Fonte: Marina Gold
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