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Cuidado, cupido

12 dez 2019 - 09h00
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Dia desses, feriado, fui passear num lugar bacana. Na decoração, bem cuidada, destacava-se um Cupido em cores pastéis, fofinho. A representação clássica e conhecida: figura de um bebê de um ano, aprendendo a andar, peladinho, todo rechonchudo, de fartos cabelos loiros encaracolados, asas imponentes, olhando para nós com o rosto todo rosado, boquinha vermelha e piscando maroto um dos olhos azuis, claros como o céu limpo do verão.

Cupido.
Cupido.
Foto: Getty Images

Da amiga que estava comigo, bem mais jovem, arrancou um suspiro: “Oh, que lindeza”. “Lindeza?”, ponderei pesando minha idade e a soma de tudo que observei vida adentro, “Lindeza? Hum... Lindeza nada! Um perigo. Olha aquele arco prestes e desferir uma flechada. Pior, vê a bolsa pendurada nas costas, mais uma meia dúzia das bem pontudas”.

Encarnação do amor, Cupido costuma desempenhar um papel duplo e ambíguo. De um lado é reconhecido (como espontânea e instintivamente fez minha amiga) como benéfico – por conta da felicidade que concede aos casais, mortais ou imortais. Porém, em outros casos e situações (as que me amparavam na observação acima) é considerado ardiloso e malicioso, sobretudo nas situações em que age, orientado por sua mãe Vênus, despertando paixões não correspondidas.

Minha amiga então, enquanto bebericávamos um café, entendendo nosso diálogo que ultrapassava o meramente casual, escorrendo para o filosófico e, mais além, para o espiritualizado, indagou apontando com o indicador direito a figura na parede: “Como se proteger? São flechas perigosas mesmo”.

“Ah”, comentei, “Difícil. Uma flechada dessas é como esse café, amargo e doce, gera uma realidade dura e agradável ao mesmo tempo. Balança os sentidos. Faz a gente sentir coisas”.

“Sim”, completou minha amiga, “São flechas geradoras de destinos inescapáveis... Não canso de lembrar a frase famosa que Elke Maravilha repetia: ‘O Amor é invencível nas batalhas’”.

Terminei minha xicrinha de café inspirada pela sábia e preciosa frase que minha amiga recordou. Os Humanos podem vencer ou perder, triunfar ou cair. O Amor, com suas setas de vontade indomável, sempre vence – mesmo que isso gere destruição.   

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Fonte: Marina Gold
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