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Depressão: vidente avalia o papel dos excessos e agitações

Como nossa época, de exageros, um desafio renovado é tranquilizar corpo, mente e alma

24 fev 2016 - 11h13
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Foto: iStock

Quem está bem, quer ficar melhor. Quem está ótimo, aspira o excelente. Quem é estrela, busca ser superestrela. Quanta competição. Sem modéstia, nossas metas se elevam. Ícaros a contragosto, não podemos deixar de bater as asas: o tempo todo inquietos, ansiosos, preocupados.

Para alguns, uma adrenalina boa. Para muitos, uma forma de viver desenfreada, desregulada, antinatural e pouco espontânea. Vencer, superar, matar o adversário? É saudável?

Devo dizer que não. Nossa espiritualidade repele a violência; regozija em menos turbulência, maior fraternidade, bondade, enlace das coisas do humano. É no profundo (e não no letal) que mostramos nossas potencialidades específicas, que nos afastamos da animalidade para nos elevarmos acima do bestial.

Esse estado desvairado de coisas é responsável pelo maior mal da nossa época, a depressão. Amedrontadas, perseguidas pelo infortúnio, as pessoas encalham no desânimo, na ausência de forças, na impossibilidade de seguir adiante. Reina o pesar, a tristeza, a inadequação.

Tenho constantemente contato com a questão em destaque. Atendo gente mergulhada num terrível paradoxo: a vontade de ser feliz é tão grande (observo se tratar, na maioria das vezes, de uma aspiração impossível, intangível de felicidade – o que apenas complica ainda mais as coisas) que acaba esganando as felicidades alcançáveis, aquelas que nos estão destinadas.

Valorizada em excesso a felicidade gera seu oposto. Entristecidas as pessoas não apreciam suas pequenas e louváveis vitórias. Não conseguem por em prática a sabedoria que manda querer pouco para apreciar (e se contentar) com aquilo que puder ter.

Se competíssemos menos, inclusive com nós mesmos, poderíamos equilibrar parcelas importantes de energia vital e aliviar a hoje tão banal pressão excessivas sobre a alma. Como todas as coisas importantes, demanda aprendizagem e sabedoria. Como constatei recentemente, pegando carona com uma amiga.

O trecho de estrada era curto e lá viemos nós. Ela, ao volante, reclamava e reclamava, só infortúnios: não tinha dinheiro para adquirir isso, não conseguia pagar aquilo, sonhava comprar tal coisa, e assim por diante.

Como nada é por acaso, trânsito pesado, ficamos um tempão atrás de uma carreta. Indiquei para a minha amiga uma daquelas famosas frases da tão decantada e inteligente filosofia popular: “Não tenho tudo que amo, mas amo tudo que tenho”. Era preciso dizer mais?

Quer saber mais sobre o trabalho de Marina Gold ou entrar em contato com ela, clique aqui.

Fonte: Especial para Terra
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