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Desilusão amorosa pode reconectar nossas almas, diz vidente

27 mai 2014 - 11h10
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Foto: Getty Images

Era síndrome de amor. Ela estava desvairada. As lágrimas rolavam. A caixinha de lenços descartáveis, que estrategicamente mantenho na mesa do meu consultório, foi bem usada, esvaziou-se, acabou toda na lixeira. 

“Mas, Marina”, continuou ela com voz trêmula, “sei que foi pouco tempo, dois meses, mas enquanto durou era o paraíso. Sei que somos almas gêmeas. Não era um eu e você, nós éramos um nós. Você entende?”

Ah, como entendia. Sim, claro que sim. Claro que eu entendia. Quantas e quantas caixinhas daqueles lenços macios eu não tinha visto serem encharcadas de lágrimas salgadas e doídas. Tantos anos, tantas caixinhas. Pensava comigo enquanto reverberava o comentário anterior da minha cliente: “Acho bom perceber que muitas vezes os amores, mais do que um nós, estão criando mesmo um tremendo nó – daqueles cegos, duros de desatar”. 

Ela concordava e, agora, só queria que a coisa toda passasse, que as cordas afrouxassem para seguir livre de novo. Tinha tentado tudo: passeio, viagem, saída com as amigas. Nada. Corria para o acalanto da família, curtia os sobrinhos, visitava a avó. Nada. Empenhou atenção no trabalho. Concentrou-se nas coisas de que gostava mais. Voltou para a ginástica. Nada. Aquele buraco por dentro continuava vazio.

Com os ombros caídos, rosto inchado, olhos vermelhos, repetia a pergunta definitiva e definidora daquele seu difícil momento de vida: “Até quando?” Eu, que tantas vezes tinha acompanhado questão como aquela, explicava que, cedo ou tarde, num lampejo, a dor abrandaria, o sofrimento iria embora. 

Por outro lado, notei quando ela partiu, a pergunta de fundo, aquela que aponta para as estruturas profundas, não tinha sido abordada. “Por quê?” era a reflexão que não tínhamos feito naquele entardecer tão triste. 

Assim como a dor de queimar o dedo – que odiamos e maldizemos passando pomada na bolha – impede que percamos a mão, consumida inadvertidamente por um bico esquecido aceso no fogão, uma vivência afetiva como aquela, uma síndrome amorosa, por mais que arda, nos reconecta com nossa alma, os imensos domínios espirituais, ativando planos esotéricos de merecimentos e recompensas futuras. 

Quer saber mais sobre o trabalho de Marina Gold ou entrar em contato com ela, clique aqui.

Fonte: Especial para Terra
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