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Dia de São Francisco: boa hora para refletir sobre humildade

Humildade não deve ser apenas palavrório vazio, precisa revelar que nossa natureza humana não é de modo algum imutável

5 out 2014 - 17h13
(atualizado às 17h16)
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<p>Felicidade universal pode ser erguida na humildade</p>
Felicidade universal pode ser erguida na humildade
Foto: Royal Caribbean / Divulgação

Ontem, 04 de outubro, foi dia de São Francisco. Ele chamou a atenção para uma das maiores forças espirituais ao nosso dispor, a humildade. Mesmo que ela ande um pouco esquecida e as pessoas um pouco arrogantes, é preciso chegar a acordos consigo, amadurecer diante dos brilhos falsos das ilusões, compreender que no misterioso movimento das coisas é admirável o rigor com que apenas a bondade pode formar a vida verdadeira.

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Acho prudente lembrar que essa vocação espiritual franciscana, aceita a humildade como caminho de combate a qualquer traço de miséria. Ela condena o carimbo feito pelo ferro em brasa das maldades e vicissitudes da História: os escravos arrastados por seus próprios semelhantes, os infames abismos de tudo que é doloroso e inumano. Diante dessas sombras aterradoras, a espiritualidade contrapõe o poder grandioso da humildade.

Humildade que não deve ser apenas palavrório vazio, precisa revelar que nossa natureza humana não é de modo algum imutável, sendo um processo que se desdobra, um devir que vai se corrigindo, levando a alma, degrau após degrau, para seu endereço correto, morada de luz.

De que acordo interno estamos tratando quando abraçamos a humildade? Penso que a negação da ideia de que “os pobres devem estar sempre conosco”, aquele pessimismo realista que faz eco nos maquiavélicos argumentos econômicos.

Para quem aceitou a busca espiritualizada, a felicidade universal pode ser erguida na humildade. Por mais ferida ou aniquilada que esteja a essência humana – nas prisões e favelas, hospitais e campos de trabalho, alojamentos ou cidades superpovoadas – ela ainda é decisiva, contrapões aos galopes apocalípticos (doença, fome, guerra) o cantar humilde dos pássaros.

Catástrofes velhas como o mundo – a glória, a riqueza, o poder, a brutalidade, a violência – podem ser combatidas pela humildade. Frente aos espinhos da miséria e do ódio, das coisas mais duras do mundo, podemos optar pela candura direita da humildade.

Como não admirar, por exemplo, o passo de coragem espiritual dado por São Francisco de Assis. Escolhe pelo coração, dissolve as concepções tolas, deixa de lado a falsidade do dinheiro: “Enquanto não se tiver dado tudo, não se deu nada”.

Livre da problemática social, dos hábitos, da nutrição, da habitação, abandona as aparências para poder enxergar os homens como verdadeiramente são. Vestido com simples traje de lã grosseira, bebendo dos riachos, mendigando o pão pelos caminhos, passando por vagabundo sem serventia, vai encontrar seu abrigo, seu domicílio fixo na plenitude do sol, na limpidez da vida, na transcendência do Verbo. É possível espiritualidade maior do que essa nascida na humildade? 

Quer saber mais sobre o trabalho de Marina Gold ou entrar em contato com ela, clique aqui .

Fonte: Especial para Terra
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