Estamos atormentando demais a infância, diz vidente
Crianças sobrecarregadas de afazeres e cobranças crescem cedo e rápido demais
Vamos para meados de dezembro. A garotada, depois de um ano de mochila nas costas e muitas aulas (ansiedades, desafios, realizações, obstáculos, superações), aguarda ansiosamente as férias.
No meu consultório espiritual sou frequentemente solicitada por pais preocupados com o desdobramento vocacional dos filhos, inquietos para saber se conseguirão uma boa profissão, um bom emprego. Quando se trata dessa questão, a vidente trabalha dobrado: é necessário o aconselhando correto – apaziguando, mitigando, serenando. O tema, propício a exagero e estresse desnecessário, deve ser avaliado com enorme atenção porque, além de tudo o mais, está na berlinda o futuro de um jovem.
Esse mesmo cuidado deveria ser encontrado nas escolas. Percebo, um pouco estarrecida, que elas andam obcecadas com a produtividade. Soube de gente de nove anos que ocupa oito horas diárias, olhando para o relógio, empregando o tempo do modo mais eficiente possível. Fiquei impressionada ao descobrir um menino de dez anos com a agenda lotada de tarefas.
Os garotos e garotas estão crescendo rápido demais e cedo demais. Moços de onze anos organizam suas vidas sociais pelo celular, as meninas chegam à puberdade cada vez mais cedo. Todos com muita atenção em relação às marcas de consumo, aos bens materiais, à modelagem do corpo e ao sexo.
As mensagens que desabam sobre as crianças, das mais variadas maneiras, exigem que se faça muito e de forma impecável. Disciplinas regulares, aulas particulares, reforço, acompanhamento, idiomas, esporte, arte, música, todas as atividades precisam "dar certo".
Os pais não aceitam da prole menos que a perfeição, nenhuma outra possibilidade, nenhum outro resultado. A pressão feroz leva à compulsão de aperfeiçoar sempre, alimentando uma competição cada vez mais exagerada.
Observo na rua, talvez por força desse desequilíbrio – também com pesarosas consequências espirituais –, meninos e meninas com a “camiseta do colégio”, num desencanto que não tem nada a ver com a sua idade. Pergunto-me: não estamos atormentando e afobando demasiadamente a infância?
Abarrotar a cabeça de informações costuma não ser tão produtivo quanto se supõe. Sobra pouco espaço para a imaginação e a liberdade. Como se diz: “melhor uma cabeça bem feita do que uma cabeça bem cheia”. O importante é explorar o mundo, e, principalmente, aprender a pensar, solidificando os modelos certos.
Melhor estudar com mais tranquilidade, explorar mais fundo e serenamente algum tema. Infelizmente, a escola virou um campo de batalha onde a única coisa que importa é ser o primeiro da turma. Não está certo. Precisamos cuidar para não sufocarmos demais nossas crianças: agitadas, impacientes, irritadas, dormindo pouco. Viver plenamente é uma busca, aproveitar neuroticamente cada segundo é um erro.
Envolvida com a dimensão espiritual – em sentido maior, de respeito às essências e equilíbrios do Ser Humano –, admiro métodos mais lúdicos de ensino. Uma escola turbinada e superexcitada gera desequilíbrio e, como temos acompanhado, para surpresa de qualquer pessoa sensata, cada vez com maior frequência, ataques de pânico comprometendo gente de pouca idade.
Como agir? Basta aprender com Platão, grande mestre: “a educação mais eficiente é deixar que a criança brinque entre coisas adoráveis”.
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