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Eutanásia canina: dor e gratidão

27 nov 2019 - 09h00
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Foi uma consulta daquelas, de enorme intensidade. Uma troca de mão dupla entre eu e a pessoa atendida. Ela era veterinária. Mais de vinte anos na profissão. Totalmente vocacionada. Como disse: “Marina, é o meu amor, é o que sempre quis fazer. Desde a infância, meu negócio é estar em conexão com animais”.

Cão é resgatado cinco semanas após furacão nas Bahamas.
Cão é resgatado cinco semanas após furacão nas Bahamas.
Foto: Instagram/@bigdogranchrescue / Estadão Conteúdo

Até aí nada de incomum. Era o encontro de uma vocação com uma ação. Mas, a surpresa emergiu avassaladora. Ela trabalhava numa atividade muito difícil e específica, praticar eutanásia canina. Surpreendi-me. Claro que alguém precisa se ocupar dessa questão, e ela, justamente, abraçou a tarefa – plena de responsabilidade e dor. 

Descreveu: “É complicado, Marina. Cães velhinhos podem sofrer muito. É melhor que partam. Mas, claro, para os donos é de cortar o coração. Eles fazem parte da família, estão alojados nos corações. Assim, veja, minha tarefa é das piores”.

Percebi, então, claramente, o tipo de Missão Espiritualista que ela cumpria. Ela prosseguiu, detalhando: “Puxa, é um desafio. Em geral lido com cachorros que estão com seus donos há mais de quinze anos. Eles dividiram um enorme pedaço das vidas de seus donos. Compartilharam uma enorme jornada conjunta. Cortar o laço é extremamente complicado”.   

“Mas”, indaguei, “é para o bem do bicho, não?” Ela se mostrou forte e resoluta, convicta de que fazia o melhor, da forma mais cuidadosa e racional possível: “Sim, sim, para o bem. Eu também queria que eles vivessem p

ara sempre. Também dói em mim. Mas, um pode ter uma doença no coração que eu não consigo mais tratar, outro pode ter câncer avançado, uma artrite que os remédios não combatem mais, tantas coisas”.

Ela chorou. O amparo veio da compreensão daquela estranha – e aparentemente paradoxal – situação de arranjo do carma. Precisei explicar que as bênçãos maiores vinham não das curas e sim dos procedimentos de corte da dor. Ela pensava que as eutanásias diminuíam seu capital espiritual. Estava equivocada. Elas, justamente, somavam com força e energia. 

“Sério, Marina?” duvidava incrédula. “Sim. Naqueles dias em que você usa toda tua competência e paixão para tirar a dor – ainda que, infelizmente, você também tire a vida – é que mais gratidões espirituais você está conquistando para si”. 

Quer saber mais sobre o trabalho de Marina Gold ou entrar em contato com ela, clique aqui  

Fonte: Marina Gold
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