Guarde um fiapo de Carnaval
O genial Noel Rosa, pouca gente sabe, além de grande compositor e sambista, foi aluno de medicina. Abrindo cadáveres, em aulas de dissecação, deixando clara sua verdadeira vocação, compôs um samba delicioso, chamado “Coração (samba anatômico)”. Diz: “Coração / Grande órgão propulsor / Transformador do sangue venoso em arterial / Coração / Não és sentimental / Mas entretanto dizem / Que és o cofre da paixão”.
Divertido segue o samba, refrão impagável: “Coração / De sambista brasileiro / Quando bate no pulmão / Lembra a batida do pandeiro”. É exato! De fato o coração bate como o pandeiro, um agudo e um surdo: “bim-bum, bim-bum...”
Esse coração saudável, “bim-bum”, da sambista, verde-amarelo, brasileiro, que vimos desfilar Carnaval afora, deve nos acompanhar, exemplo a ser seguido, até o próximo Carnaval chegar. Como? Mantenha na cadência dele uma fagulha, uma centelha, um fiapo da alegria representada pela nossa maior festa.
Já foi quarta-feira de cinzas, já estacionamos o carro alegórico, já tiramos a fantasia, já guardamos o tamborim. Mas, que tal levar para o ano adiante a energia desses dias de diversão? Quando as responsabilidades forem muitas, tarefas e prazos apertarem, problemas e desafios surgirem, essa força de distensão pode ser auxílio valioso.
Os dias de festa, batucada, canto, dança, confete e serpentina devem ficar na lembrança, referência para animar os momentos menos interessantes. Trata-se de um recurso, valorizar a alegria, auxílio do humano.
Uma estratégia que nos impulsiona: armazenar boas experiências vividas que poderão, depois, funcionar como alento para atravessarmos longas jornadas. Simples mecanismo de motivação.
Pois então, essa é a dica. Até o próximo Reinado de Momo não deixe de resgatar lembranças felizes e, complementarmente, aproveitar as outras chances de alegria, agarrando-as, como se diz, com “unhas e dentes”.
Leve o espírito de festa para o contato com os familiares e amigos, encontros, compromissos, reuniões em geral. O bom-humor é arma das mais poderosas para se enfrentar nossa época terrível. Ele é humanizador, revela nossas melhores qualidades, enaltece forças sutis que cada um de nós carrega.
O Carnaval ensina que rir é — mesmo! — o melhor remédio. Essa lição deve ser repetida pelo ano afora.
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