Meditação: uma válida faxina mental
Fernando Pessoa, poeta e bruxo, explicou, lá de Portugal, há quase um século: “A melhor maneira de viajar é sentir”. Releia a frase saboreando todos os caminhos de rica ambiguidade que dela se dispersam, entenda-a, incorpore-a e veja como ela aponta para uma possibilidade de experiência (a um só tempo muito simples e complexa, fácil e rica do ponto de vista espiritual) que pode ser realizada no cotidiano.
Falo de Meditação. Porta enorme que se abre para as salas reclusas do nosso sentir (a mais barata e intensa maneira de viajar), propiciadora de benefícios na esfera corporal psicológica, da consciência, do inconsciente e da espiritualidade.
Todas essas possibilidades e vantagens vindas de uma atividade que se revela – basta praticá-la de coração aberto – um prazer, uma alegria, uma felicidade. Do ponto de vista prático, operacional, as regras para uma boa meditação são simples como uma folha de papel em branco, sem mácula ou linhas sequer.
Vai meditar? Desenvolva seu ritual particular. Eu bebo uma xícara de chá verde em temperatura cálida e imagino-me carregando uma daquelas caixas grandes de arquivo-morto, de plástico sanfonado, cor vermelha encarnada, condizente com o conteúdo perigoso e tóxico que vou jogar ali.
Instalo-me confortavelmente e deposito a caixa imaginária ao meu lado. Encontro uma postura confortável, cruzar as pernas naquele conhecido modelo oriental, deitar de barriga para cima, adotar uma posição que melhor parecer na situação.
Em seguida, concentro-me, fecho os olhos, busco tranquilizar-me por uns cinco ou dez minutos, abrandando os ritmos corporais (procuro ficar imóvel, alongo a cadência respiratória, percebo que naturalmente a pulsação cardíaca diminui).
Relaxado, inicio a atividade dinâmica de meditação. Essa é a parte mais intensa, apoiada numa situações de desafio que indico a seguir, num roteiro (vamos chamar assim por falta de expressão melhor) de colheita e descarte que disciplina e ordenação a mente.
Como fazer? Imagino-me ao lado de uma árvore, mais ou menos da minha altura. Ela representa a fonte de nutrição espiritual que me alimenta. Ela está carregada com uma profusão de frutos, alguns bonitos e coloridos, outros escuros, apodrecidos.
Minha tarefa é retirar o que não presta, nomear mentalmente (“esse é aquele momento de ódio que senti em relação a tal situação”, “esse é aquela pressa que me atrapalhou quando eu estava convivendo com determinada pessoa querida”, etc.) essa colheita azeda, separo na caixa e jogo fora (crie situações: queimando a caixa, enterrando a caixa, abandonando na praia, o que convier).
Abra espaço, durante um mês, para repetir a atividade, sempre num dia específico da semana (melhor aos domingos). Você verá como essa faxina trará conforto e alívio. No mês seguinte,
sua árvore estará menos pesada e os resultados serão ainda mais alentadores.
Quer saber mais sobre o trabalho de Marina Gold ou entrar em contato com ela, clique aqui.