O exagero da perfeição pode atrasar o progresso cármico
A Perfeição: se tornou uma obsessão para todos nós. Isso é bom? Saudável? Saudável fisicamente? Saudável psicologicamente? E, por fim (a questão que mais me interessa), saudável espiritualmente?
A Perfeição: ideal que virou nossa lei universal. A Perfeição: não se admite menos do que ela. A Perfeição: ocupou todos os lugares. A Perfeição: única maneira de viver. A Perfeição: expulsou violentamente outras formas de conduta cotidiana. Cansa, não?
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Basta uma espiada nas Redes Sociais e constatamos que não há espaço para o que não é impecável. Em meios aos brilhos e explosões pirotécnicas de enormes alegrias e felicidades, repudiamos qualquer marca ou lembrança da condição frágil e transitória que permeia inevitavelmente nossa trajetória.
Onde está a verdade maior escondida por trás de tanta festa e riso? Não queremos (não sabemos?) admitir, mas o erro, a fugacidade, a solidão, a vacuidade, e tantos outros componentes negativos também marcam a vida. Negá-los prejudica nossas saúdes, principalmente a espiritual, atrasando o progresso cármico.
Numa realidade de riqueza, fausto e ostentação, a doçura autêntica do coração espiritualizado é contraponto útil. Precisamos aceitar os defeitos e incertezas, descer o tom da música (exageradamente estridente muitas vezes), contrapor ao homogêneo reluzente as sombras e névoas que caracterizam o humano – verdadeiramente humano, com muita beleza e sabedoria!
Nosso desafio? Dar umas escapadinhas dessa Era Dourada que atravessamos: peregrinar por outros caminhos, visitar outras paisagens. Fugacidade precisa ocupar lugar ao lado de Perfeição como conceito de ordenamento. Por paradoxal que possa parecer, é ela (a Fugacidade) – e não o conceito positivo – que abre nossa sensibilidade e compreensão do Eterno e do Transcendente.
Se conseguirmos, menos atormentados pela Perfeição, poderemos olhar tudo de outra maneira: mais ampla, aberta, encontrando belezas e satisfações variadas e renovadas.
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