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O impulso de superação "ou eu, ou ela"

11 fev 2020 - 09h00
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Foto: Reuters

"Ou eu, ou ela". Foi assim que pensei quando percebi aquela enorme barata que vinha se arrastando pelo interior da sala da residência de um casal amigo, em meio a um matagal de árvores e plantas no quintal – coisa rara em São Paulo.

Ela veio emitindo um barulho terrível. Fazendo com as patinhas nojentas um “ruc-ruc” pelo chão. Olhei para ela e ela parou. Ficou imóvel mesmo. Momento em que pudemos perceber que a intrusa, abrindo-as, mostrou ser dotada de grandes asas. Corríamos o real risco de sermos atacados. Pior, ataque aeronáutico, voador, desses devastadores.  

Nos entreolhamos. Éramos quatro adultos: o casal anfitrião, cujo marido era importante pintor; eu e um grande intelectual, renomado professor universitário. Junto conosco, brincando pelo chão, estavam as duas crianças – o filho dos donos da casa e a minha, ambos pequenos, bebês ainda. 

Observei que os dois homens e também a mulher do pintor ficaram absolutamente apavorados, congelaram, expressando as suas incapacidades de matar o inseto. Eu, que nunca tinha enfrentado um animal daquele tamanho, num lampejo, pensei, localizando principalmente a ameaça aos bebês: "Ou eu, ou ela".

Levantei-me decidida, pensando nos bebês, avancei e, coisa inédita, nunca feita por mim antes, pisoteei fortemente a barata. Surpresa de todos e minha também, acabava de fazer algo que nunca tinha feito e sequer podia imaginar ser capaz de fazer.

Na vida, muitas vezes, temos circunstâncias que nos assustam e espantam, que nos incomodam e desequilibram – como a intrusão de uma barata que quebra a tranquilidade. É preciso, em situações assim, ter a coragem para combater a ameaça, seja ela qual for, antes que ela prejudique a nós ou pessoas queridas.

Amadureça essa lição. Ao surgir, inesperada, – grande e assustadora – uma barata, ainda que não tenha poderes objetivos, nos assombra, cria pânico e terror. Como proceder? Com determinação e coragem, impulsos da superação.

Observo ainda: a barata assombradora pode ser o par amoroso infiel, o péssimo chefe, o familiar que não nos respeita. Não tenha dúvida, por mais repulsiva que se revele a situação, é preciso pisar, decididamente, forte, pra esmagar mesmo.

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Fonte: Marina Gold
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