O impulso de superação "ou eu, ou ela"
"Ou eu, ou ela". Foi assim que pensei quando percebi aquela enorme barata que vinha se arrastando pelo interior da sala da residência de um casal amigo, em meio a um matagal de árvores e plantas no quintal – coisa rara em São Paulo.
Ela veio emitindo um barulho terrível. Fazendo com as patinhas nojentas um “ruc-ruc” pelo chão. Olhei para ela e ela parou. Ficou imóvel mesmo. Momento em que pudemos perceber que a intrusa, abrindo-as, mostrou ser dotada de grandes asas. Corríamos o real risco de sermos atacados. Pior, ataque aeronáutico, voador, desses devastadores.
Nos entreolhamos. Éramos quatro adultos: o casal anfitrião, cujo marido era importante pintor; eu e um grande intelectual, renomado professor universitário. Junto conosco, brincando pelo chão, estavam as duas crianças – o filho dos donos da casa e a minha, ambos pequenos, bebês ainda.
Observei que os dois homens e também a mulher do pintor ficaram absolutamente apavorados, congelaram, expressando as suas incapacidades de matar o inseto. Eu, que nunca tinha enfrentado um animal daquele tamanho, num lampejo, pensei, localizando principalmente a ameaça aos bebês: "Ou eu, ou ela".
Levantei-me decidida, pensando nos bebês, avancei e, coisa inédita, nunca feita por mim antes, pisoteei fortemente a barata. Surpresa de todos e minha também, acabava de fazer algo que nunca tinha feito e sequer podia imaginar ser capaz de fazer.
Na vida, muitas vezes, temos circunstâncias que nos assustam e espantam, que nos incomodam e desequilibram – como a intrusão de uma barata que quebra a tranquilidade. É preciso, em situações assim, ter a coragem para combater a ameaça, seja ela qual for, antes que ela prejudique a nós ou pessoas queridas.
Amadureça essa lição. Ao surgir, inesperada, – grande e assustadora – uma barata, ainda que não tenha poderes objetivos, nos assombra, cria pânico e terror. Como proceder? Com determinação e coragem, impulsos da superação.
Observo ainda: a barata assombradora pode ser o par amoroso infiel, o péssimo chefe, o familiar que não nos respeita. Não tenha dúvida, por mais repulsiva que se revele a situação, é preciso pisar, decididamente, forte, pra esmagar mesmo.
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