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Para superar uma traição

23 nov 2018 - 09h00
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– Minha querida, ele não te enganou; ele se enganou...

– Minha querida, ele não te enganou; ele se enganou...
– Minha querida, ele não te enganou; ele se enganou...
Foto: iStock

Era mais uma história de amor.

Olhei para a cliente e passei para ela um lencinho de papel. Na mesma hora percebi que um só seria pouco para o turbilhão de lágrimas que corriam pela sua face. Estiquei para ela, então, a caixa toda dos lencinhos e me preparei para desvendar o motivo de tanta tristeza e aflição.

Nem bem comecei a trabalhar, ela tentou me contar o que estava acontecendo. Isso atrapalha a vidência, que gosta de se fazer sozinha, esclarecendo cada ponto duvidoso. Alguma vezes, porém, é preciso deixar falar quem estou atendendo. 

Me preparei para ouvir. Entre soluços ela conseguiu, com muito esforço, pronunciar uma palavra: “Ele”. Completei: “Ele te abandonou! Te traiu! Entendo que foi inesperado para você, mas, como vidente, não vejo agora uma separação”.

Ela, mais calma, me confidenciou o quanto ele se dizia arrependido de uma aventura rápida e sem consequências. Ele só queria o perdão e poder retornar para casa. Mas, ela emendava: “Não posso aceitar, ele me enganou...”

Como minha premonição mostrava que haveria uma reconciliação, que ele ia voltar, sentenciei: “Minha querida, ele não te enganou; ele se enganou... e foi atrás da sedução a que foi exposto. Está, garanto, arrependido”. 

Para melhor convencê-la, resolvi contar a seguinte lenda que me apresentaram há muito tempo: “Seguia o Mestre e seu Discípulo através de uma árida estrada. Chegaram, sempre em silêncio, à margem de um caudaloso rio. Ali encontraram uma mulher, chorando. Indagada ela respondeu que sua aflição vinha de ter seu filho pequeno adoentado do outro lado do rio e ela, sem saber nadar, amedrontada, não podia atravessar”.

Prossegui: “O Mestre, generoso, colocou-a nas costas e, com energia e destemor, levou-a em segurança para a outra margem. Os andarilhos prosseguiram. Depois de dias, o Discípulo, enfim, perguntou por que o Mestre a havia ajudado se eles eram proibidos de tocar em mulheres. Ao que o Mestre, com serenidade, arrematou: Eu deixei a mulher lá na beira do rio. É você que ainda a está carregando”.     

Repasso essa lenda porque incomoda notar quantas pessoas, como o Discípulo, carregam fardos sem necessidade. Minha cliente me entendeu. Tirou das costas a traição do marido, com quem acabou voltando e restabelecendo bom convívio.    

Quer saber mais sobre o trabalho de Marina Gold ou entrar em contato com ela, clique aqui.

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Fonte: Marina Gold
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