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Renúncia e reparação

9 nov 2018 - 09h00
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A morte de uma criança. A perda de um filho. Eu estava ali, diante dessa situação. Extrema, a mais extrema. Na minha cabeça ribombava a frase famosa de Dostoiévski em Os irmãos Karamazov: “A morte de uma criança dá vontade de devolver ao universo o meu bilhete de entrada”.

“A morte de uma criança dá vontade de devolver ao universo o meu bilhete de entrada”
“A morte de uma criança dá vontade de devolver ao universo o meu bilhete de entrada”
Foto: iStock

O que fazer? Como superar? Como seguir adiante? São questões perturbadoras, que não encontram resposta simples, que torcem o senso comum, que desafiam, que exigem do coração humano o demasiado do humano, sua humanidade em grau máximo, tocando os Mistérios da Espiritualidade.

Eu queria, com toda energia, ajudar. Minimizar a dor. Derrubar a tristeza. Apontar uma direção de saída. Dar de presente um gancho de esperança. Iluminar na escuridão da falta de sentido. Como?

Tendo a humildade de separar dois planos: terreno e transcendente. O primeiro, raso, facilmente acessível e igualmente pouco útil, depende da racionalidade. Aqui se compartilha uma palavra doce, otimista. Mais protocolo do que outra coisa. O segundo, de profundidade, oculto e elusivo, o da mística. Aqui vale a conexão feita pela prece, o poder da oração. 

O primeiro, ali mesmo no atendimento ao meu cliente, pouco exigiu. “A vida prossegue. O tempo cura a ferida. O amor refaz”. O segundo, no desdobramento dos dias, sem tréguas, impôs exigências e disciplinas pesadas.

Fui socorrida (e, assim, no nível oculto, capacitada para socorrer) por uma lição budista: Na noite em que Sidarta decide renunciar ao mundo lhe anunciam que uma de suas mulheres havia dado à luz um menino. De madrugada ele vai ao harém, atravessa todo o recinto, percorre toda a extensão, passa por todas as mulheres que, adormecidas, parecem mortas.

Entra no aposento do fundo. Encontra Yasodara dormindo com a mão sobre a cabeça do recém-nascido. Pensa: “Gostaria de saudar a criança. Mas, se retiro a mão, minha mulher despertará. Quando for Buda, voltarei e beijarei meu filho”.

Esse adiamento ensinado na doutrina do Príncipe Sidarta foi meu auxílio. A renúncia inegociável do agora será recompensada no depois, ainda que em outra encarnação, com perfeita reparação. 

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Fonte: Marina Gold
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