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"Tempos complicados", diz vidente sobre vazio e tédio

"Cansado do enorme vazio que o cercava, corria ainda mais às diversões, ao lazer, às trivialidades tóxicas"

4 ago 2014 - 07h32
(atualizado às 07h34)
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Foto: Getty Images

Tempos complicados. Ele não conseguia realizar nada, aflito, desesperado, repetia: “é o tédio”. Eu sentia a força da tristeza que invadia tudo, uma melancolia, um estranho sentimento de perda – como se a pessoa sequer soubesse exatamente o que tinha perdido.  

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Tinha procurado apoio e ajuda em muitos lugares. Era a saúde? Os neurotransmissores? Os hormônios? Uma idiossincrasia? O estado mental interior? O psicológico? As características sociológicas e antropológicas do mundo? Para sua história de vida sem alegrias, carregando ou não o diagnóstico clássico de depressão, mergulhado ou não num dos fenômenos centrais da cultura contemporânea, sofria por viver apenas paixões esvaziadas.

Ele atravessava cada dia como um fardo, uma condenação, um mal. Não fazia o que queria e não queria o que fazia. Não conseguia se orientar, padecia daquela intermitência tão bem descrita pelo poeta Fernando Pessoa: “sofrer sem sofrimento, querer sem vontade, pensar sem raciocínio”.

Nos últimos meses as coisas tinham piorado. Cansado do enorme vazio que o cercava, corria ainda mais às diversões, ao lazer, às trivialidades tóxicas. Insatisfeito buscava com toda energia algum conteúdo, substitutos para sua apatia, sua real condição de existência.

Os tiros saíam pela culatra. Quanto mais estímulo recebia, crescia (ao invés de diminuir) na sua avaliação pessoal a falta de sentido de tudo. Mais emancipação correspondia a mais escravidão. O positivo não gerava o positivo, invertido gerava perversamente o negativo – com igual força.

No nosso encontro percebi que ele teria um longo caminho pela frente. Sua questão não era de corpo, era de alma. O problema não era o mundo externo, era ele. Por isso, ao invés de consolar sua miséria com a diversão, essa se tornava a maior das misérias. Tentar fugir da realidade (digo da essência da realidade), volátil ilusão de felicidade, o jogava ainda mais no nada inerente a cada ser humano.

O que poderia ser feito? Como impedir que aquela vida seguisse como uma fuga da vida? A tarefa dele não era simples: deveria transformar-se, mudar os próprios hábitos. Como eu poderia ajudar? O que eu poderia ensinar e incentivar? A sabedoria de novas práticas, de energização e fortalecimento da espiritualidade. Escutar e atender acima das ilimitadas necessidades do corpo (cheia de ilusões e falta de sentido), aquelas modestas da alma.  

Quer saber mais sobre o trabalho de Marina Gold ou entrar em contato com ela, clique aqui.

Fonte: Marina Gold
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