Triste é a morte; mais triste quando se é jovem
Ela chegou pela tela e me dilacerou. A morte dilacera. Quando se trata de pessoa jovem, de maneira ainda mais consistente. Desaba sobre nós uma sensação de hora incerta, um horror de chumbo cinza.
Entre todos os lugares, é lá que menos se quer que um jovem brinque, na Eternidade. Ela, indispensável e inviolável, infelizmente, não respeita nossa vontade, não respeita qualquer vontade.
O dia ainda não tinha clareado e a partida, dura, se anunciava. Na calçada, a claridade da manhã ia ainda demorar uma hora para brilhar. Escuros também os olhos de quem viu. Inquietos dias: um a mais, um a menos.
Morreu assim aquele irmão, frágil, no avesso da festa, na tristeza do baile. Tão jovem. Apavorantemente jovem. Uma história sem linha. Uma espiral enrodilhada que, cortada à adaga, antecipa o que não poderia ou deveria ser apressado.
Triste. O que resta? Duplo aprendizado: a benevolência que brota da compreensão da leveza disso tudo aqui, o compromisso reiterado com a motriz maior daquilo tudo lá – a Espiritualidade.
Minha dor ao ver o corpo deitado, o sino do coração silenciado, só pode ser aplacada pela certeza das missões difíceis de serem abraçadas: o que sabemos? Nosso dentro está fora. Nossa ordem é desordem – ainda que aparente ordem, para piorar.
Como não gelar ao relento desse vento cortante? O abrigo da prece. Abraço que aconchega aplainando as desgraças. Analgésico da aguda raiz da tristeza, desloca a dor para a purificação.
Em prece, pelo jovem escolhido, cedo, não pela vida, mas pela transcendência, assim gostaria que ele escutasse minha mensagem:
Agora, já passou.
Calma, rapaz.
O que era medo, agora é proteção.
O que era inesperado, agora é certeza.
A lágrima evapora no calor da misericórdia.
Seu caminho não terminou.
Há muito para percorrer aí na outra face.
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