Uma grande lição
"Tá querendo trazer o amor para perto de você? É fácil. Acenda uma vela, chame pelo Senhor Sete Flechas e você verá..."
Quando completei 18 anos, apaixonei-me perdidamente por um rapaz que nunca ligou para mim. Ele estava interessado numa amiga minha, da minha sala. De longe eu observava que ele era charmoso e sedutor com as garotas, muito atencioso e bem-educado, mas, para mim, pouco sobrava desse verdadeiro cavalheiro. Parece que quanto mais eu queria, mais ele se afastava, corria para longe de mim.
Eu chorei, eu rezei, eu fiz novenas, eu tentei tudo. E nada... Um dia uma moça que trabalhava como diarista na casa de uma conhecida de minha mãe me ensinou: “Tá querendo trazer o amor para perto de você? É fácil. Acenda uma vela, chame pelo Senhor Sete Flechas e você verá...”
Fiquei impressionada com aquilo. Matutei por uma semana sobre a possibilidade de eu mesmo resolver o sofrimento de desamor que me afligia, chamando como aliado uma entidade poderosa como aquela que a moça apresentou-me.
Adiei. Tive medo. Relutei. Insegurança? Imaturidade? Não sabia se as consequências não seriam desastrosas, beirando perigos grandes demais para a garota que eu era. Depois me decidi, corajosa.
Numa noite, alta madrugada, casa vazia — pois meus pais tinham saído para uma festa de aniversário de um amigo —, fui à cozinha, acendi uma vela (naquela época a falta de luz frequente fazia com que as tivéssemos em profusão numa das gavetas), mirei bem fundo no azulado da chama e, em cima da pia, pingando, grudei a vela no pires.
Concentre-me, elevei minhas ondas mentais, fui chamando e pedindo. De repente, ali ao meu lado, estava um índio, com grandes penas amarelas e vermelhas na cabeça. Ele era muito alto e forte, quase transparente e apresentava um brilho estranho na pele.
Olhei para ele. Ele me devolveu o olhar com um semblante muito sério. Foi como se ele dissesse que havia muita coisa mais importante para fazer na vida, do que chorar por um homem que não nos quer.
Esqueci o tal namorado, a dor passou, casei-me com outro. Mas o índio eu não esqueci nunca, nem a lição que ele me deu.
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