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Uma palavra pode ser início ou fim, diz vidente; entenda

1 jul 2013 - 21h07
(atualizado às 21h07)
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Foto: Getty Images

Daquelas elevações de inteligência e sensibilidade que os grandes poetas são capazes de atingir, Drummond, um dos nossos maiores, adverte: “não facilite com a palavra amor”. Trata-se, como inevitavelmente acabamos descobrindo, de coisa muito perigosa. Completa o verso: “não a jogue no espaço”. Vale para essa palavra tão intensa e também para tantas outras, na verdade para todas.

Cuidado (bastante cuidado!) com as palavras. Elas, sedutoras, pedem para serem levianamente espalhadas pelos quatro ventos do mundo. Nossa obrigação é resistir, nada de ficar pronunciando coisas loucamente, exageradamente. Despregadas de nós, voando por aí, elas, pedaços da nossa espiritualidade que lançamos para fora, se propagam eternizando um pouquinho da gente - então, que seja uma boa herança.

Razão essa para que todas as linhas de misticismo, escolas de sabedoria, correntes esotéricas e religiões instituídas cerquem a palavra de proteção e cuidado, tratem-na sagrada (como é), evitem seu uso equivocado, protejam sua força estruturadora de mistérios.

Uma palavra pode ser início ou fim, saúde ou enfermidade, vida ou morte. Ela pode curar, elevar, fortalecer, embelezar, ou, ao contrário, destruir. Sua força vibracional atravessa defesas, reorganiza o destino, refaz as ligações entre matéria e fluxo de energia. Seu caráter, instrumental e aberto, assume o comportamento ético que nossa escolha impuser. Nenhuma delas é, sem nossa interferência, boa ou má. Tais qualidades brotam do emprego que delas façamos.

Além do mais, uma palavra é sempre mais que seu significado imediato, direto. Ela é acontecimento que reverbera na interioridade de quem escuta, cria interação, altera as coisas. Não transmite simplesmente uma mensagem já que sua capacidade operativa desencadeia reações e movimentos. Ao falarmos, geramos novos acontecimentos, mudamos dentro de nós e ao redor.

Por essas razões todas, a necessidade de atenção. Usar de forma não monitorada as palavras é criar campos de conflito e desentendimento. Pode-se até, dessa maneira, resolver provisoriamente uma dificuldade, criando, porém, sérios impasses futuros, de dimensões assustadoramente maiores. Trata-se de mau negócio, troca estúpida.

Atitude inteligente é abaixar o volume da algaravia, colaborar um pouco para aumento do silêncio, primordial. Será das minas desse silêncio que brotarão palavras profundas. Palavras de boa intenção. Palavras que germinam. Palavras que são vida.

Quer saber mais sobre o trabalho de Marina Gold ou entrar em contato com ela, clique aqui.

Fonte: Marina Gold
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