Vidente ensina a lidar com a perda e saudade de um pet
“Marina?” Depois do meu alô, a voz chegava embargada. Prenunciava problemas com uma amiga, grande companheira. “Marina, infelizmente... morreu o Felpas”. Era o cachorro fofo que parecia um torrão de açúcar, nariz e olhos bem pretinhos. Uma bolota de fartos pelos brancos – daí o nome, derivado de felpudo –, enchia a casa e a vida de alegria.
Felpas, com seu tamanho um pouco maior que uma bola de tênis, era um lobo. Ou, pelo menos, ele pensava que era um lobo. No final das tardes de trabalho esperava, fiel com a sua matilha, a minha amiga. Colocava-se atrás da porta e pulava nela assim que entrava, alcançando seu joelho, latindo arfante e lambendo com a linguinha do tamanho de um dedo mindinho.
“O que eu vou fazer sem ele?” Compreendi sua aflição, lembrando cenas que havia acompanhado. Minha amiga amava os cães e sabia que eles gostavam de ser manuseados: querem afago, cafuné, ouvir coisas. O Felpas tinha tratamento de príncipe, adorava ganhar um pedacinho de bolo na boca: era guloseima pouco indicada, mas criava uma ligação forte entre eles, mostrando como eram reciprocamente queridos.
“Sei que você gostava muito dele”, falei buscando a frase que pudesse consolar. “Lembro-me de vocês pelas ruas nos finais de semana. Um par amoroso. Ele na tua frente, balançando o corpinho, agitando as quatro patinhas, te puxando, levando a dona para passear”. “É, nós tínhamos uma ligação muito forte”, comentou entristecida minha amiga, “cheia de empatia e emoção”.
Pude vislumbrar a relação longa, calculei mais ou menos uns 12 anos, marcada por intensa troca de calor e bastante auxílio mútuo. Estavam sempre próximos, olhavam-se profundamente, escolhiam-se, aceitavam-se, apoiavam-se, assistiam TV juntos, dormiam muitas noites aninhados um no outro.
“Pois é, minha amiga, ele vai deixar uma saudade brutal”, disse, “uma saudade maior que o esquecimento, não vai embora, gruda no coração a felicidade – toda especial e única – que vocês puderam viver, maravilhoso pedaço de seu mundo particular”.
Depois de uma pausa, minha amiga tomou fôlego e, comovida, perguntou: “E agora?”. “Bem”, expliquei, “o resto é silencio”. Disse isso mudando o tom de voz, levantando o astral, combinando um encontro para um café. Porque o Felpas, mais do que ninguém, adorava vê-la feliz, compartilhando as coisas boas de que gostavam tanto.
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