Vidente explica como um espírito desconfortável prejudica a dieta
As mais altas sabedorias que se ocupam do transcendental entendem que a espiritualidade floresce quando vivemos uma vida de plenitude, na justa medida, sem penúrias ou exageros tolos – a corda corretamente tensionada de que nos fala o budismo.
Os prazeres, ao contrário do que pensam as linhas ascéticas (com as quais não coaduno muito), nos restauram, alegram a vida ao agitar nossos sentidos e desempenham importante papel no universo místico que nos rodeia. Eles são capazes de produzirem um contentamento que ilumina o nosso dia a dia, fortalecendo nossa vocação diante das adversidades, revelando que podemos encontrar, usando nosso julgamento, algo de sublime no mais banal.
Morda um pêssego doce, suculento e crocante e você vai entender perfeitamente o que é aquilo que eu chamo de “pequeno milagre”: sensações que podem ser dissecadas, para além do cotidiano, aprofundando nossa capacidade de encanto, assombro e troca pródiga e indulgente com a aventura de viver.
Falo de seguir um traço que supera o comum de todas as coisas para mergulhar no âmago poético e espiritualizado da natureza. Falo de um exercício de compreensão e exploração dos gostos que demanda a sutileza explicitada por Alexandre Dumas ao perceber que “o homem não vive do que come, mas do que digere”.
Aprofundando nossa relação com o gosto, vamos ter oportunidade de amadurecer importantes questões místicas ligadas à nutrição e continuidade da vida. Aproveitar os tesouros da terra não exige nenhuma extravagância: as coisas mais simples do mundo, preparadas com cuidado e recebidas pelo que elas são, relembram a humildade de nossa identidade e a grandiosidade dessa humildade.
Pense no que significa em termos de completude espiritual um pouco de pão, queijo, talvez vinho quando servidos na oportunidade de estar com pessoas queridas. A riqueza material necessária para vivermos sadiamente é bastante limitada e pode ser alcançada sem grandes problemas – apesar do medo perturbador que muitas vezes nos desequilibra, um medo que leva a ações que produzem justamente mais medo ainda. Já as exigências das fantasias sem propósito estendem-se ao infinito, não sabem valorizar os dons de um tomate, uma torrada com manteiga, uma xícara de café.
Seja inteligente e sensível, lide afinadamente com os desejos, no meio termo, sem negá-los ou se deixar escravizar. Você encontrará uma estabilidade de plenitude, seu modelo de frugalidade pessoal. Ela garante a paz de espírito necessária para resolver tantos problemas que andam espalhados por aí: obesidade, obesidade infantil, obesidade mórbida, bulimia, anorexia e outros transtornos e disfuncionalidades.
Quando o espírito não está confortável com essas questões do gosto, ele não informa corretamente o corpo, acaba sabotando a ordem alimentar, gerando um sofrimento que pode ser contornado com o esforço correto e a retomada da dinâmica correta.
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