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Vidente fala das complexas tramas do destino

Relato de um progresso de conhecimento e consciência

18 mar 2016 - 17h00
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A espiritualidade não é apenas mais complexa do que imaginamos, ela é mais complexa do que podemos imaginar. Destinos bons e maus se cruzam, se somam, se anulam. Dinâmica intensa de pequenas causas desdobrando grandes efeitos.

Compreender esse xadrez misterioso, bordado fino de tantos e tantos fios, requer a busca de uma verdade profunda, acessível apenas pelo progresso da consciência, a forma mais elevada de conhecimento que se pode alcançar.

Assim, todo progresso para melhor é progresso para tornar-se consciente: depuração, negação do embrutecimento, purificação dos sentidos, afastamento dos instintos, abandono dos desejos servis. Fusão no espírito e na bondade.

Foto: Getty Images

Foi esse o percurso que ele trilhou, com esforço e luta. Cresceu para o bem, abraçou valores, libertou-se dos medos e contradições do mundo. A viagem foi longa, cheia de obstáculos e impedimentos, demandou luta e superação.

A casa era alegre, a esposa excelente, os filhos queridos. Não bastava. O trabalho era bom, os colegas generosos, as tarefas enobrecedoras. Nada bastava. Passeio, viagens, diversões, compras, restaurantes. Nada bastava.

A trilha da vida, apesar de todo o encanto da paisagem descrita acima, estava vazia. Sem o brilho da espiritualidade, tudo parecia adormecido, doloroso, morto; ele afundava lentamente na angústia.

Nos primeiros quinze minutos da nossa consulta, lembro bem, eu nada podia falar, eu nada conseguia falar, eu nada falei. Dez vezes mais cansativa para mim, consagrei-me, com auxílio dos meus mentores acompanhantes, a (re)equilibrar as conturbações: quanto aperto no peito, disfunção de energia, desarranjo de alma.

Ele chorou copiosamente. Depois, devagar, com fé, avanços e retrocessos, idas e vindas, vencemos palmo a palmo o longo caminho do renascer. A amargura foi diminuindo, o abrasamento esfriando pouco a pouco.

Naquela hora e meia refizemos a vida, debilitada, da existência profunda. Nada ligado aos problemas do cotidiano. Não se tratava de saúde, negócios, amores – escaladas de pequena dificuldade.

Subimos lado a lado o mais íngreme dos rochedos, empurrando a escuridão para deixar a luz inundar. Tarefa sem dúvida penosa, trabalhosa. Mas, uma vez lá, quando alvorece em esplendor dourado o sol do sentido de tudo que merece ter sentido – e da falta de sentido de tanto que mascara – a gratificação é imensa, a maior das recompensas.

Fonte: Terra
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