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Vidente fala sobre as doçuras do envelhecer e seus reflexos

25 mai 2016 - 16h55
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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou números que indicam que o Brasil está se tornando um País de idosos. Eu mesma ironizo que já passei de “velhinha” para “antiguidade” – coisa rara e fina como bom vinho e música. Brincadeiras à parte, eis uma boa notícia.

A velhice é um privilégio. Certos são os chineses que garantem ao ancião um lugar de enorme honra, respeito e devoção. São anos e mais anos de acúmulo de riquezas: uma gama invejável de experiências e vivências, grande soma de aprendizagem.

Foto: iStock

Na media em que se avança na idade, a porção animal – caracterizada por maior egoísmo, centrada no corpo e nas coisas da realidade tangível ao redor – vai arrefecendo, se abranda. Abre-se assim um enorme clarão, espaço vazio que poderá ser, com facilidade, preenchido com aquilo verdadeiramente determinante em nossas trajetórias e espiritualização.

A boa velhice é essa sentida como transição de energia: dos ímpetos dourados de uma agilidade borbulhante e juvenil para a calma branca de uma paz de espírito, típica serenidade de quem já viu tudo, não se exaspera diante das atribulações, reconhece o verdadeiro peso e valor de todas as coisas.

É impressionante como a velhice faz emergir lembranças maravilhosas. Um efeito similar ao obtido quando folheamos álbuns de fotografia (ou as passamos na tela do computador, onde elas se alojam hoje em dia).

Às vezes, nas lembranças, ouvindo falar a voz da alma, parece até que vivemos situações que não vivemos, que estivemos em lugares nos quais não estivemos. Devem ser os tais lapsos de memória que chegam com a idade.

Outra coisa curiosa é que as lembranças costumam ser maravilhosas, como se nada tivesse ocorrido de errado. Acho que somos indulgentes com o tempo e, quanto mais vivemos, mais seletiva torna-se nossa memória. Deixamos os equívocos para lá, apagamos os erros e acontecimentos desagradáveis. Filtramos as lembranças para que se tornem um repertório valioso e inspirador: tesouro cheio de beleza e inteligência aguda.

Sinto-me realizada quando consigo avançar nessa direção: compor enorme mosaico com os cacos pequenos e desprezíveis da vida de todo dia, da vida comum que se viveu. Podemos aquecer aquele dia frio, iluminar aquele recinto sombrio, fazer com que nossos desejos tenham sido atendidos.

Se necessário nossa alma completa certas coisas que ocorreram há muito tempo, melhora as marcas importantes que foram deixadas. A ideia é desafiadora, né? Para que se preocupar com as coisas pequenas da vida se as verdades espirituais são maiores? 

Quer saber mais sobre o trabalho de Marina Gold ou entrar em contato com ela, clique aqui.

Fonte: Especial para Terra
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