Vidente: "fé faz com que o homem não passe vazio pela vida"
Muitos dizem que é possível alcançá-la “pela dor ou pelo amor”. Não. O problema da fé não é questão de escolha, é algo bem maior, questão de merecimento
Quando tenho indicação dos meus Guias, compartilho com quem necessita uma forte oração espiritualista. Feita com fé, ela se mostra poderosa. Costumeiramente essa experiência de prece me recorda a história do sujeito que queria apanhar um coelho.
Quanto mais ele corria, mais o coelho corria e se distanciava. Cansado, ao parar, o caçador nota, surpreso, que o coelho também parava. O desfecho prefiro deixar aberto para o leitor. Ficam ambos numa perseguição sem fim ou, melhor ainda, depois de respirar um pouco o coelho olha ao redor e, saltitando, segue justamente para o colo daquele que tanto empenho e energia tinha investido na sua captura.
O mesmo se passa com a fé. Tentar explicá-la é inútil. Quanto mais tentamos, mais ela foge. Isso não significa que não possamos, ao parar, compreendê-la à perfeição. Por que será que a definição de fé acaba sendo tão complicada? Talvez porque ela seja um sentido que se localiza no interior do ser.
Muitos dizem que é possível alcançá-la “pela dor ou pelo amor”. Não. O problema da fé não é questão de escolha, é algo bem maior, questão de merecimento, evolução cármica, dádiva.
A fé, ao contrário do que o senso comum preconiza, não deve ser o desfecho definitivo que nos permite sair das dúvidas, mas o estímulo que, sem desviar delas, impulsiona para que vivamos com inteligência e dignidade num cenário de falta de certezas absolutas.
A fé faz com que o homem não passe vazio pela vida. Ela faz com que ele possa dirigir e dar sentido às coisas da vida, fundamentando a imagem que temos de nós mesmos e do nosso lugar específico entre os demais seres.
Sem fé o homem acaba derivando para o lado dos animais; com ela, deriva para o lado de Deus. Quanta diferença! Na medida em que somos seres da ação, é bom saber se agimos apenas para satisfazer um instinto ou para levar a cabo um projeto maior, que transcende o puramente irracional.
A fé nos leva para além das urgências e das carências. Ela quebra nossa “programação”, eleva-nos para outra realidade em que somos orgulhosos não do nosso ser biológico e orgânico, mas do nosso ser humano.
Perguntemos sobre a diferença fundamental entre nós e os outros animais. Enfrentamos igualmente o meio ambiente natural – temos sede, fome, frio. Todavia, para nossas almas individuais (aproveito para notar: os animais compartilham almas coletivas), a evolução espiritual possibilita traços mais ou menos desenvolvidos de fé, instrumento para nos reorientar e determinar melhor as escolhas de vida.
A fé nos liberta da nossa condição rasteira de animalismo. Permite que possamos viver um plano de vida esotericamente elevado, vida simbólica para além da instintiva. A fé é conhecimento que nos auxilia a agir melhor, filtra nossas intenções, combate o mau