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Vidente: precisamos admitir nossa insignificância no mundo

15 set 2014 - 08h48
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Foto: Getty Images

Correr não é chegar. A maturidade espiritual sabe disso quando precisa enfrentar a dupla inimizade da arrogância e do egoísmo. De mãos dadas se fortalecem, enganosos nos iludem. Somos pequenos, partículas, não devemos cair no erro de acreditar numa almejada autossuficiência. Nossa condição é de dependência e interdependências recíprocas. Não nos bastamos por nós mesmos, nem a mais forte pessoa pode viver em total solidão.

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Uma grande lição é compreender que você não é uma entidade isolada, ganhar a consciência de que você representa uma peça no quebra-cabeça da humanidade — claro que essencial, mas de forma alguma única e, pior, insubstituível.    

Essa lição nos agita, faz tremer sob nossos pés o chão de certezas que preferimos pisar. É difícil não ter uma compreensão apenas parcial das coisas que nos cercam. Em geral, somos levados a pensar que nossa visão de mundo e dos fenômenos, mais do que correta, é a única com possibilidade de estar correta. Triste ilusão, lastimoso equívoco.   

É preciso lucidez e coragem para descer das montanhas da autossuficiência e conviver nas planícies das verdadeiras relações humanas. Viver a vida como se fosse um banquete onde você deve se comportar com cortesia. Quando as iguarias forem passando, deve-se estender as mãos para servir-se de uma porção moderada. Se algum prato não lhe for apresentado, aproveite o que já está no seu. Se ele ainda não chegou até você, espere pacientemente a sua vez. Comedimento, gratidão, cortesia devem ocupar o vazio perigoso de um egoísmo marcado por cobiça, inveja e sonhos posses e poderes.

Aristóteles, na Grécia Antiga ensinava: a avaliação equilibrada, a moderação e a escolha do “meio-termo” são as únicas estratégias corretas e eficazes a serem perseguidas em meio às realidades cambiantes, inconsistentes e assustadoramente variantes. Muitos, por não alcançarem tal amadurecimento, padecem de estranha e frequente melancolia em meio à abundância, um assombro cheio de desgosto que irrompe, paradoxalmente, em condições de calma e tranquilidade. 

Atualmente se acompanha muito disso. Onipotência obscurecendo o bom senso, crueldade acima da boa vontade, angústia bloqueando o andar de boa vida. Vazias opiniões, imitações, falsidades, adorações e vaidades — muitas vaidades. Quem poderá nos proteger?

Fundamental entender nosso lugar (pequeno) no plano cósmico (imenso). Alcançar a compreensão da insignificância de nossa presença no mundo, insignificância aterradora quando comparada com a eternidade imperturbável desse mesmo mundo. Aí então, partindo do zero, esvaziando as forças da arrogância e do egoísmo, buscar refúgio no caráter, na consciência e no crescimento espiritual. Investir no trabalho, frugalidade, integridade, dignidade, simplicidade, contentamento, coragem, abnegação, independência, firmeza, gentileza. Tudo mais é correr, não chegar!  

Quer saber mais sobre o trabalho de Marina Gold ou entrar em contato com ela, clique aqui.

Fonte: Especial para Terra
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