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Você sabia que nosso cérebro registra melhor o fracasso?

22 mai 2019 - 09h00
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Os eventos ruins, as experiências negativas que vivemos, em geral, têm maior impacto sobre nós do que as positivas. Se vivemos uma situação de frustração ou impotência, por exemplo, registramos essa experiência de maneira tão intensa que, nos livrarmos dessa sensação torna-se quase impossível. Depois de experiências dolorosas, demoramos muito tempo para retornarmos ao estado original de felicidade. Quando falamos mal de algo ou alguém, tem mais impacto do que quando falamos algo de bom. E nos relacionamentos, são necessárias pelo menos cinco interações positivas para compensar os efeitos negativos de um acontecimento negativo. Ou seja, nosso cérebro tem uma triste tendência a registrar com mais intensidade experiências ruins que as boas.

Fracasso
Fracasso
Foto: iStock

Mesmo que você se esqueça de uma experiência negativa, essa marca fica impressa em seu cérebro e inconsciente. E pior: ela é reativada sempre que você se sinta ameaçado. É como se a experiência ruim criasse círculos viciosos, tornando-nos mais pessimistas e reativos.

Infelizmente, nosso cérebro já vem com uma tendência ao negativismo, como se sempre estivéssemos preparados para o pior. E essa tendência, gera inúmeras formas de sofrimento, que tem como base principal, o medo, que sempre gera alguma ansiedade de maior ou menor grau. Dessa maneira, trazemos uma dificuldade natural de interiorização e contemplação, fundamentais para alcançarmos um estado de equilíbrio.

Nosso cérebro precisa de garantias de segurança para nos permitir um estado de relaxamento. As tendências negativas acabam por alimentar e intensificar outras emoções negativas, como a depressão, a raiva, a culpa, a tristeza, a vergonha, enfatizando experiências passadas e exacerbando os obstáculos já conhecidos.

No budismo aprendemos que o sofrimento é o resultado de três venenos: a ganância, o ódio e a ilusão. A ganância é uma vontade imensa de não perder nenhuma oportunidade. O ódio é a aversão aos nãos que recebemos da vida; ambos têm a ver com nosso desejo compulsivo pelo prazer e medo do sofrimento. A ilusão tem a ver com nossa dificuldade em enxergar e enfrentar a realidade.

Com um cérebro propenso à negatividade e uma forte necessidade que possuímos de alcançar o equilíbrio, é de se pensar mais profundamente sobre as teorias espiritualistas que falam sobre o sacrifício, as abnegações e a necessidade de conter e controlar nossos desejos. Parece que, somente através de grande sacrifício conseguiremos encontrar o equilíbrio necessário para um estado de paz e estabilidade.

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Fonte: Eunice Ferrari
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