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O que é comunicação não violenta?

Saiba a importância de se comunicar de forma saudável

12 ago 2020 - 13h42
(atualizado às 16h21)
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Saiba a importância de se comunicar de forma saudável -
Saiba a importância de se comunicar de forma saudável -
Foto: Shutterstock / João Bidu

A Comunicação Não Violenta é uma abordagem para se relacionar de uma maneira mais sincera, autêntica e amorosa. Isso significa que podemos iniciar conversas transformando nossas intenções iniciais para criarmos conexão com o outro. Excluímos o modo de ataque ou defesa que aprendemos a utilizar ao longo da vida e permitimos que nossas vulnerabilidades sejam mostradas.

Isso pode ser um grande desafio mas só assim permitimos que o outro sinta empatia, nos entenda e também mostre o que se passa dentro dele. Com essa abordagem é possível criar um espaço para conexão que nos permite enxergar tanto as nossas necessidades não atendidas, quanto as da outra pessoa.  

Essa forma de comunicação é uma ferramenta poderosa que nos ajuda a nos colocarmos no lugar do outro e gerarmos compreensão. Outra característica importante dessa ferramenta é que ela não serve só para conexão interpessoal, mas também individual e sistêmica.

  • Quando usar a Comunicação Não Violenta?

Em todos diálogos, conversas, reuniões. Quando nos comunicamos, expressamos comportamentos na nossa fala que denunciam as nossas necessidades, que são comum a todos nós, seja quando demonstramos raiva, frustração ou a nossa alegria e satisfação e muitos outros sentimentos. A grande questão é que quase sempre perdemos tempo discutindo comportamento do outro, que sempre varia de pessoa para pessoa, e acontece por motivos diversos. Mas o que nos motiva mas por trás dos comportamentos: as necessidades. São justamente elas que são comuns a todos nós. Em vez de julgarmos uma pessoa do porquê ela fez isso ou falou aquilo, podemos tentar identificar quais são as necessidades delas que não estão sendo atendidas e comunicar isso.

Portanto procure evitar esses 3 hábitos:

  • Julgamentos. Muitas vezes deixamos subentendido que as intenções e opiniões do outro são ruins apenas por serem contrárias às nossas. Quando julgamos, tornamos quase impossível que a pessoa nos escute.
  • Comparações com outras pessoas. Cada pessoa é única e com a comparação geramos competitividade e frustração por não alcançarmos modelos determinados.
  • Negação da nossa responsabilidade. Transferir a culpa é negar nosso compromisso como corresponsáveis nas situações que vivemos.

De forma prática, a comunicação não violenta consiste em observar bem as situações, dividir suas emoções e impressões de forma honesta, explicitar suas necessidades e dizer o que você gostaria que acontecesse. Ao seguir esses quatro passos, você poderá se ver em uma conversa mais leve e fluida, com o menor número de obstáculos e agressões possível.

São ações básicas têm o poder de transformar nossa comunicação, fortalecer nossas relações no trabalho, em família, entre amigos, em relações amorosas e em qualquer outro âmbito da sua vida.

  • Dicas para exercitar a Comunicação Não Violenta: 
  • Não tenha medo de ser vulnerável pois é  isso que faz as pessoas se conectarem com você. Se abra para o outro.
  • Não julgue a si mesmo. Quando errar, aprenda com isso e tente melhorar.
  • Antes de responder qualquer coisa, descubra pontos em comum com aquela pessoa. Como você estaria se estivesse na posição do outro.
  • Expresse plenamente a sua raiva. Quando tentamos extinguir a raiva, a primeira ação é culpar os outros, o que, como vimos acima, não é positivo. Por isso, tome quatro passos: pare e respire, identifique os pensamentos cheios de julgamento, entenda suas necessidades e expresse-as para a outra pessoa.
  • Expresse apreciação apenas para celebrar. Afinal, elogiar também é julgar, mesmo que de forma positiva. Celebre a necessidade que foi atendida e expresse gratidão por isso. Assim, oferecemos louvor sem passar a sensação de que somos superiores.

Quando receber ataques, acalme-se antes de responder. Avalie a situação sob o ponto de vista do outro e reformule sua resposta. Os conflitos se dão muito pelo impulso de ataque e defesa  de ataques, o que acaba resultando em uma situação pior.

"Por trás de todo comportamento existe uma necessidade." - Marshall Rosenberg

Como praticar a Comunicação Não Violenta?

Existem algumas atitudes que podem ser tomadas por quem quer começar a se conectar melhor com os outros e consigo mesmo. Essas ações têm tudo a ver com um processo de tomada de consciência interna (do que está acontecendo dentro de mim) e externa (o que está acontecendo com o outro) e depois disso a verbalização disso.

Nesse processo, podemos seguir alguns passos:

  1. Observação:  É importante que as observações sejam baseadas em fatos, e não em nossas interpretações acerca do que a pessoa quis dizer com suas atitudes, mas sim, o que de fato ela fez ou falou.  

2. Sentimentos: Depois de observar o que causou o conflito, podemos nos voltar para nós mesmos, identificando os sentimentos que estão sendo sentidos dentro de nós a partir das atitudes da pessoa. Sentimos raiva? Frustração? Medo? Preocupação? Alívio?

Nesse momento é bem importante utilizarmos palavras que sejam, de fato, sentimentos e não julgamentos. Um exemplo, quando falo que estou me sentindo "ignorada" isso não é de fato um sentimento, pois a palavra descreve a ação de uma outra pessoa. A ideia aqui é que você se pergunte: "se estou com a sensação de que estou sendo ignorada, o que eu de fato sinto?".  Esse exercício é importante porque você quer aumentar suas chances de ser escutada quando for falar sobre algo. Se você disser "estou me sentindo triste com o que aconteceu" em vez de "estou me sentindo ignorada " suas chances de ser escutada são maiores.

 3. Necessidades: Após nomear esses sentimentos, podemos então identificar as necessidades que são apontadas por eles. Se nos sentimos frustrados, qual foi a necessidade que não foi atendida e gerou essa frustração?  Comunique suas necessidades se responsabilizando por elas. Por exemplo, em vez de dizer "estou irritada porque vocês não lavam a louça" você pode entender quais necessidades suas não estão sendo atendidas e comunicá-las "estou irritada porque eu estou cansada e gostaria de chegar em casa e encontrá-la limpa.  Cooperar é algo importante para convivermos bem e gostaria de conversar sobre os acordos que vão nos ajudar a conviver melhor aqui em casa"

 4. Pedido: Depois de entendermos melhor o que precisamos, podemos fazer ao outro um pedido claro para nossas necessidades sejam atendidas. Na conversa, todas essas questões podem ser trazidas à tona, para que fique claro o que está se passando entre nós e o outro. Comunicar nossas observações, a partir do que o outro fez ou falou. Depois explicar o que sentimos com essas atitudes.  O que precisamos e não está sendo suprido e então, fazermos um pedido claro do que queremos.  

Muitas vezes isso pode ser difícil pois não sabemos o que queremos ou até mesmo temos receio de receber um "não" como resposta. A Comunicação Não Violenta é um convite para termos conversas corajosas.

É claro que é muito mais gostoso que as pessoas adivinhem o que estamos precisando mas é injusto esperar isso delas sempre.  Para que um vínculo de confiança se estabeleça precisamos comunicar nossas necessidades e pedir de maneira clara para que assim outras pessoas criem empatia e se coloquem no nosso lugar. Assim criamos um vínculo saudável de relações e uma vida muita mais prazeirosa. 

João Bidu
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