Páscoas: travessias de superações
Luto e luta. Palavras que formam um casalzinho, que podemos trocadilhar, contrastam ao serem colocadas lado a lado e ganham importância, para mim, nesse momento de força simbólica que é a Páscoa.
Como se sabe, Páscoa significa travessia. Ela nos impele a encarar questões de coragem, ousadia, desprendimento e transcendência. Muitas são as páscoas possíveis: um povo que supera o cativeiro, um redentor que supera a tentação.
Todavia, atenção, toda passagem implica no abando de algo, luto, portanto. Quando avançamos, deixamos pelo caminho pegadas, antigas referências. Abrimos mão de coisas que já significaram, em qualquer tempo passado, algo forte.
A sabedoria popular vaticina: “não podemos fazer omeletes sem quebrar ovos”. Colada nela, minha indicação é bem essa: o momento de transitividade, quebrar os ovos, coloca para marchar, consolidada a decisão, uma situação de risco, fragilidade e perigo.
Também espiritualmente nos abrigamos em “zonas de conforto”, construímos rotinas para simplificar e economizar energia. Renovar é difícil para nossa intimidade esotérica que, similar ao que acontece na superfície, precisa (re)aprender uma série de novidades e soluções estratégicas.
Pois é, mudança cansa, exige disposição e boa-vontade, abnegação e força motriz. Claro que, construindo novo abrigo, a tendência é colher os louros, regozijar e sugar o gostinho bom das coisas bem feitas — comemorar. Mas, atenção, é bom não desprezar o que ficou pela estrada. Descolar sim, abandonar não.
Nesses dias especiais, olho atento: carinho e reconhecimento não só pela luta (e seus ganhos), mas, também, pelo luto, por aquilo que pudemos superar. Mesmo porque, como nada definitivo se encena por aqui, outras dimensões provavelmente nos receberão e seremos portadores de desafios semelhantes em estrutura e modelo aos que experimentamos cá no estado atual.
Assim é bom compreender: outras Páscoas nos esperam — para tornar a girar o ciclo de superações. Indispensável sempre é agir com generosidade, moeda valorizada perpetuamente nos câmbios da inteligência Universal.
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