Jorge Lafond: Negro, gay e drag queen
O ator Jorge Lafond rompeu barreiras e se eternizou na cultura brasileira com seu talento e carisma, eternizado na drag Vera Verão
Bailarino, ator, humorista e revolucionário. Este era Jorge Luiz Souza Lima, mais conhecido como Jorge Lafond, que se estivesse vivo hoje, teria 72 anos. O artista faleceu em 2003, em decorrência de problemas cardíacos. Relembre a trajetória de Lafond, que conquistou o público com a inesquecível Vera Verão.
Carioca apaixonado pela dança
Jorge nasceu em Nilópolis, no Rio de Janeiro. Antes de se tornar famoso, trabalhou como cabeleireiro e, no ofício, se encontrou como drag queen.
Estudou balé clássico e dança africana e, após se formar em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ), trabalhou como dançarino por mais de 10 anos, se apresentando nos Estados Unidos e Europa. Por seu talento, ele também fez parte do corpo de balé do Fantástico, da TV Globo, em 1974.
A partir daí, Lafond ganhou espaço em outros programas da emissora, como Viva o Gordo, em 1981, Plunct Plact Zuuum em 1983 e em Sassaricando, quatro anos depois. Em 1989, interpretou Madame Satã em Kananga do Japão, trama da TV Manchete, e entrou para o elenco de Os Trapalhões como Soldado Divino. No humorístico, o soldado machão voltou "diferente" de uma viagem ao exterior. O personagem chamou a atenção de Carlos Alberto de Nóbrega, que o convidou para integrar o programa A Praça é Nossa.
Rumo ao SBT
Na emissora de Silvio Santos, Jorge estreou na Praça em 1992 com Vera Verão, uma ex-miss metida, extravagante e dona do icônico bordão "Epa, bicha não!", que se tornou um marco para a comunidade LGBTQIA+. Jorge permaneceu no humorístico até 2002.
Destaque carnavalesco
Lafond fez história ao desfilar em diversas escolas de samba. Meses antes de sua morte, o artista desfilou como Rainha de Bateria da escola de samba Unidos de São Lucas, em São Paulo. Mas essa não foi a primeira vez que Lafond marcou presença no Carnaval. Em 1990, ele causou ao desfilar apenas de tapa-sexo em um carro alegórico da Beija-Flor, que tinha como enredo "Todo Mundo Nasceu Nu".
Força no meio LGBT
Por ser negro e assumidamente gay em uma época em que o conservadorismo era ainda mais presente na sociedade, Lafond precisou enfrentar o preconceito e uma série de obstáculos para alcançar a fama. Hoje, Lafond é reconhecido como um nome importante da luta antirracista e LGBTfóbica. Vale a pena relembrar!