Liniker é história, resistência e muita poesia!
Cantora segue com sucesso sua nova turnê, CAJU TOUR, mas tem uma trajetória marcante
Primeira mulher trans brasileira a receber um Grammy Latino, pela categoria de Melhor Álbum Popular em Língua Portuguesa, a cantora, atriz e compositora Liniker está acostumada a fazer história. Considerada uma das vozes mais importantes dos últimos anos no Brasil, seu aguardado CAJU, segundo disco solo de sua carreira, é sucesso entre o público e a crítica.
A carreira na atuação também não fica para trás, e a série Manhãs de Setembro (2021), que ela protagoniza junto aos atores Thomaz Aquino e Karine Teles, ganhou como melhor série dramática no Prêmio APCA de Televisão de 2022. A MALU reuniu os fatos mais importantes da carreira da artista. Relembre!
Os primeiros anos de Liniker
Nascida em Araraquara, em julho de 1995, Liniker teve influências musicais diversas desde a infância. A coragem para cantar também veio na adolescência, quando iniciou no teatro. O estrelato chegou após formar a banda Liniker e os Caramelows, em 2015, cujos vídeos musicais rapidamente alcançaram milhares de visualizações. Na época, Liniker ainda não tinha iniciado sua transição de gênero, e suas performances artísticas funcionavam pensando também em como subverter estereótipos. Mesmo estando num país tão violento para a população LGBTQIA+, ela costumava se apresentar de barba, maquiagem, e saias longas, chamando muita atenção, e afirmava abertamente que estava enfrentando o preconceito.
Nessa época, após o primeiro EP da banda, Cru, de 2015, se tornar viral, eles financiaram seu primeiro disco, com a ajuda de um crowdfunding dos fãs, Remonta (2016). O álbum foi um sucesso e considerado um dos melhores daquele ano, cravando de vez o nome dos artistas no cenário musical.
Aclamação e carreira solo
O segundo sucesso do grupo foi Goela Abaixo (2019), quando a banda se apresentou em cerca de 20 países, e o disco foi elogiado até pela mídia internacional. Liniker decidiu então que queria se dedicar a outros projetos e deixou o grupo após a turnê, em 2020. Nessa época, a artista também vivia um momento pessoal intenso, já que havia se reconhecido enquanto uma mulher trans e iniciado a transição de gênero publicamente. Embora isso tenha inspirado diversas pessoas trans Brasil afora, ela também afirmou, no Podcast Podpah, que realizar esse processo também foi violento. Afinal, muitas pessoas pararam de se importar com suas músicas e estavam mais preocupadas em julgar sua aparência.
Mas a artista sabia do seu talento e sabia o quanto resistir pela representatividade trans na MPB era importante. Sua luta rendeu frutos quando seu disco solo de estreia, Índigo Borboleta Anil, foi aclamado e recebeu diversos prêmios, inclusive o Grammy Latino em 2022.
A era CAJU e legado
Atualmente, a cantora segue invicta numa carreira de sucessos, e CAJU, lançado em agosto de 2024, arrasta multidões. Para se ter uma ideia, alguns shows da cantora foram esgotados em menos de uma hora! O disco tem ido além da MPB que estávamos acostumados e explora diversos outros gêneros musicais, como o pop e a música eletrônica. A expectativa é que ele também leve vários outros prêmios. De toda forma, o maior prêmio Liniker já possui. Ela é a prova de que mesmo num mundo tão violento e preconceituoso, é possível sonhar, fazer arte e abrir caminho para os que virão. E especialmente: viver uma vida em plenitude, para além do que os odiosos tentam impor. Que você siga sempre brilhando, Liniker!