Lubrificante íntimo: como escolher o mais adequado
A base de água, silicone ou óleo? Especialistas explicam qual a diferença entre as opções
Mesmo que assuntos ligados ao mundo do sexo ainda sejam considerados por muitos como um tabu, é necessário abordá-los para conhecermos melhor nosso corpo e para que a prática sexual seja cada vez mais satisfatória.
Sendo assim, a fim de deixar a hora H mais prazerosa, sabia que uma ótima pedida é investir no lubrificante íntimo? Por evitar atrito, dores e escoriações, a lubrificação é um bom complemento para tornar o ato sexual mais envolvente.
De acordo com Ana Paula Mondragon, médica ginecologista e obstetra, quando ocorre a excitação, no caso das mulheres, a vagina apresenta uma grande quantidade de vasos sanguíneos e o fluxo de sangue aumenta para a região da pelve, ampliando a lubrificação local natural. "Dessa forma, facilita a penetração e reduz as chances de desconforto, assim como a hipótese de lesões por trauma local no canal vaginal", explica.
Contudo, nem toda mulher possui uma lubrificação natural satisfatória e, nesse caso, lubrificantes íntimos podem ajudar a tornar não só o sexo mais prazeroso, mas também a masturbação e até mesmo o uso de brinquedos sexuais.
Dessa forma, mesmo tendo ciência dos fluidos produzidos pelo corpo que ajudam na hora H, confira qual é a melhor opção de lubrificante e qual é o mais adequado para você:
A base de água
Essa é a melhor opção, visto que o produto ser muito similar com o muco natural da mulher. De acordo com Aline Ambrosio, médica ginecologista e terapeuta sexual, esse tipo de lubrificante é o mais hipoalergênico, não causando irritações na mucosa vaginal, anal ou no pênis. E o melhor: pode ser utilizado sem ou com preservativos de látex, sem risco destes romperem.
Porém, nem tudo é um mar de rosas. Inclusive, nada de mar ou qualquer rala e rola que envolva água. "Impossibilitam o uso no chuveiro ou banheiro, pois serão lavados juntamente com a água, não funcionando para lubrificação nestas ocasiões. Ademais, precisam ser reaplicados com mais frequência, pois ressecam rapidamente", explica Ambrosio.
A base de óleo ou petróleo
Segundo Mondragon, os lubrificantes derivados do petróleo ou óleo não são recomendados, pois tendem a esquentar muito a região e causar irritação local. Outro motivo para não utilizar seria por dissolverem o material dos preservativos quando em contato com os mesmos, causando, assim, a perfuração do contraceptivo.
Além disso, de acordo com Ambrosio, eles danificam os brinquedos eróticos de borracha, podem manchar os tecidos e são mais difíceis de serem removidos do corpo.
A base de silicone
Esses são uma boa opção, pois possuem um toque agradável e uma boa duração, além de ser possível usá-los com os preservativos. Porém, contêm bastante química e Mondragon alerta que podem causar reação alérgica local.
Óleo de coco
Passar apenas no cabelo? As especialistas afirmam que ele pode ser usado na hora H também! Por ser natural, as hipóteses de alergia são menores e sua composição oleosa faz com que seu poder de lubrificação dure mais.
Contudo, segundo Mondragon, estudos comprovam que quando associado ao uso do preservativo, as oportunidades de perfuração do mesmo aumentam e, consequentemente, aumentam as chances de transmissão de doenças e/ou gestação indesejada.
Afinal, quais não são recomendados?
A saliva, por exemplo, muito usada para lubrificar a penetração, não é recomendada. "A utilização de saliva como lubrificante não é recomendada tendo em vista que ela seca muito rápido e consequentemente podem ocorrer escoriações locais, ocasionando, assim, dor e até mesmo sangramento", explica Mondragon.
Ela também pode gerar infecção por fungos. De acordo com Ambrosio, "após uso da saliva na região genital, orientamos lavá-la após o contato sexual, para prevenção das candidíases genitais".
Já a vaselina é um derivado do petróleo e por tal motivo não é recomendado seu uso como lubrificante, já que pode causar irritação e desintegrar o preservativo.
Outros produtos que não são muito recomendados são os lubrificantes com saborizantes, perfumes ou substâncias que esquentam ou esfriam, visto que podem causar alergia e irritação local.
E se mesmo com lubrificante ainda há dores e desconfortos?
Conforme Ambrosio, se você sente falta de conforto nas relações sexuais, por falta de lubrificação, procure orientação médica, caso a adição de um lubrificante não alivie a queixa. "Algumas alterações hormonais, contraturas musculares ou infecções podem reduzir a lubrificação natural e habitual da vagina", explica.
Fontes: Aline Ambrosio, médica ginecologista, obstetra e terapeuta sexual e especialista em Sexualidade Humana pela USP (Universidade de São Paulo); Ana Paula Mondragon, médica ginecologista e obstetra pela Faculdade de Medicina de Jundiaí.