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Luiz Bertazzo, de Ainda estou aqui, fala sobre o sucesso do filme

Na trama, ele deu vida ao antagonista Schneider

24 jan 2025 - 18h02
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Corumbá, no Mato Grosso do Sul, é uma cidade próxima ao rio Paraguai, que não tinha cinema ou teatro quando nosso entrevistado, Luiz Bertazzo, nasceu. Isso nunca o impediu de ter certeza de que seria ator desde criança, entretanto. 

Deu tudo certo, e hoje o mundo pode reconhecê-lo como Scheider, um dos antagonistas do aclamado Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, que o ator confidencia admirar profundamente. "Na minha última diária, ele elogiou meu desempenho durante as filmagens. Foi muito gratificante", complementa. 

Ele narra também que, apesar do tema tenso do filme, a produção do longa foi cheia de momentos felizes, e a atual temporada de premiações, como a vitória de Fernanda Torres em Melhor Atriz de Filme de Drama no Globo de Ouro, tem o levado às lágrimas com frequência. "É muito bom ver o Brasil ali", explica. Em entrevista exclusiva à MALU, ele conversou sobre o longa, sua trajetória e próximos trabalhos. Confira!

Como sua carreira começou? 

"Minha avó morava no Rio de Janeiro e vivia me mandando revistinhas da programação de teatro de lá, livros com peças que ela encontrava nos sebos, então eu mergulhava nesse universo com vontade de fazer teatro. Ainda em Corumbá, fiz parte de um grupo no museu da cidade e, aos 17 anos, me mudei para Curitiba para fazer faculdade de Artes Cênicas. Este ano, completo 20 anos como ator profissional. Em Curitiba, fiquei anos numa mesma companhia de teatro, a Cia Senhas, e rodei o Brasil com espetáculos que conversavam com públicos diversos. O palco foi minha escola, a base do meu ofício. Em 2016, comecei a escrever meu primeiro longa-metragem, Alice Júnior, que teve estreia internacional no festival de Berlim em 2020. Hoje em dia, moro em São Paulo e vivo como ator e roteirista, e não me imagino mais escolhendo uma profissão só."

Como foi que você foi escolhido para interpretar o Schneider em Ainda Estou Aqui?

"Fui chamado para um teste presencial pela produtora de elenco Letícia Naveira. Não posso ter certeza dos motivos pelos quais fui escolhido, acho que era para ser. Durante o teste, que foi conduzido pela Amanda Gabriel (preparadora do filme), me senti muito seguro no improviso desse militar. Ainda não tínhamos contato com o texto e tudo fluía a partir de referências e depoimentos previamente passados pela produção. No entanto, eu havia me debruçado alguns anos sobre o tema da ditadura por conta de um espetáculo de teatro e depois para escrever o roteiro do filme Casa Izabel (2022), que se passa no período. Então, havia muitas referências incorporadas em mim que tenho certeza de que me ajudaram a conquistar o papel. A construção de um personagem geralmente vem de uma construção de carreira, de estudo, de trabalho árduo, e isso faz diferença num momento como esse."

Foto: Revista Malu

Créditos: Divulgação

Ainda Estou Aqui e Baby são algumas das obras audiovisuais mais importantes do Brasil nos últimos anos. Como você está se sentindo com toda a repercussão?

"É uma loucura. Ao mesmo tempo em que tenho recebido carinho de pessoas, logo vem a frase 'eu fiquei com ódio de você'. Acho engraçado ter gerado esse desconforto. Estar nesses dois filmes é para mim muito honroso. Marcelo Caetano (diretor de Baby) e Walter Salles são diretores de épocas diferentes que comungam do mesmo sentimento de paixão pelo cinema nacional. Acreditam na nossa narrativa e são extremamente respeitosos com o público e com a arte. Falo isso porque aprendi com eles valores importantes do ofício, do comprometimento com a história e com a linguagem, de ser um artista com referências. Eu venho do teatro, que é a área que mais domino, mas depois dessas experiências, o cinema tem florescido em mim de forma mais madura.

Quanto à repercussão, vejo-a de uma maneira mais ampla. Acho que as salas lotadas nos dois filmes são uma conquista que devemos lutar para manter e para silenciar muita gente que desrespeitou os artistas nos últimos anos. O cinema brasileiro está numa ótima fase, com filmes incríveis que merecem todo reconhecimento."

Pode falar um pouco sobre seu personagem em Baby?

"Torres é um traficante, um cara perigoso, que vende drogas para o público LGBT de boates e aplicativos. Essas drogas são para estimular o sexo, um mercado que tem crescido muito no centro de São Paulo. Para a construção dele, fizemos uma abordagem mais sinuosa, lasciva. Nele, o sexo é artifício de conquista e também poder, pois é esse o vocabulário de Torres para sobreviver no meio em que ele está inserido. O filme é construído dentro de camadas muito subjetivas desse centro de São Paulo, um tanto marginal, o que torna o filme muito universal, pois brota de suas entranhas um amor genuíno entre os personagens principais."

Com os filmes lançados, quais são seus próximos projetos?

"Neste momento, estou terminando de rodar meu primeiro protagonista na série Iceberg, ao lado de Emanuelle Araújo. Também terminei de rodar a segunda temporada de Cidade de Deus - A Luta Não Para, que ainda não tem data de estreia. A continuação do meu primeiro filme será finalizada este ano. Agora intitulado Alice Júnior: Férias de Verão, também sou o roteirista. Tem algumas outras coisas para este ano, mas acredito que ainda é muito cedo para falar delas."

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