Mitologias e Deuses esquecidos? Conheça as histórias
Descubra as histórias de divindades e heróis que resistem ao tempo em tradições que ainda inspiram povos ao redor do mundo
Quando falamos em mitologias, as mais conhecidas, como a greco-romana, a nórdica e a egípcia, costumam ter a nossa atenção, enquanto outras, igualmente ricas e fascinantes, permanecem à sombra do esquecimento. Andrea D. Morales, medievalista e escritora de romances históricos, explora essas narrativas no livro Divinas (Buzz Editora), revelando mitos menos familiares, mas tão impactantes quanto. "Das mitologias incluídas no livro, provavelmente as menos conhecidas são a Inuit, a Fon, a Suméria, a Acádia, a Japonesa e a Havaiana. Elas se encontram perto da Azteca e da Celta, embora estas tendam a ser mais populares e sempre tem alguém que já leu sobre elas," comenta a escritora, ressaltando que o grau de familiaridade com essas histórias varia conforme a cultura local.
Mas essas e outras mitologias foram realmente esquecidas?
A ideia de "esquecimento" pode ser relativa, segundo Andrea. "Não creio que sejam realmente mitologias esquecidas. Temos de compreender que as sociedades e as culturas são diferentes, e que algumas partilham raízes e, por conseguinte, tradições, enquanto outras não. É óbvio que na Espanha, um país com uma tradição greco-latina, a mitologia Fon, Inuit ou Havaiana não ressoa, porque está muito longe. Mas isso não significa que tenham sido apagadas ou relegadas ao esquecimento, porque os povos herdeiros dessas mitologias provavelmente conhecem muito bem essas histórias e continuam a contá-las aos seus descendentes, reproduzindo-as e mantendo o seu legado."
Semelhanças e diferenças entre deuses
Apesar das distâncias culturais, os deuses compartilham traços semelhantes de alguma forma. Andrea observa: "Se há uma coisa que aprendi depois de escrever este livro, é que não existem assim tantas diferenças entre os deuses, para além daquelas que podem existir por razões culturais".
"As deusas do amor, da beleza e da fertilidade muitas vezes compartilham histórias e dons semelhantes. Em muitos casos, algumas são descendentes diretas de outras. Basta olhar para a deusa fenícia Astarte, a grega Afrodite, a romana Vênus, a suméria Ishtar, a egípcia Ísis", completa a medievalista.
Em certos casos, o que varia entre os deuses é o gênero da divindade. Por exemplo, na mitologia japonesa, o sol é representado por Amaterasu, uma mulher, enquanto em tradições ocidentais, como na mitologia grega, o sol costuma ser masculino, associado a Apolo ou Hélios. "O mesmo acontece com o deus do inferno. Se na mitologia grega o Averno é o território de Hades, na mitologia nórdica é governado por Hel, e na mitologia suméria e acadiana pela deusa Ereshkigal."
Descobertas através da arqueologia e linguística
Estudar mitos de culturas com poucos registros exige a combinação de disciplinas, pontua Andrea. "As fontes materiais são essenciais. Tudo o que é encontrado nas escavações é estudado, sejam oferendas votivas, estatuetas, estelas funerárias, ídolos de barro ou de pedra. O mesmo acontece com os registros escritos, mesmo que sejam apenas documentos epigráficos," explica.
Andrea cita o exemplo da tábua de argila que narra a descida de Ishtar aos infernos, um artefato que ajuda a decifrar a complexidade da mitologia suméria. "A união dos registos arqueológicos e escritos esclarece sempre questões que poderiam ter permanecido desconhecidas na ausência de uma destas duas disciplinas."
Legado e impacto
As mitologias menos conhecidas continuam a influenciar as culturas e sociedades onde se originaram, embora de maneira menos evidente fora de seus contextos locais. "Cada mitologia influencia o raio de ação que teve, os locais onde se enraizou e foi cultivada", conclui a escritora.