SPFW: Estilista resgata "identidade" de Cabo Verde em coleção
A estilista Ângela Brito, de Cabo Verde, mostrou pela segunda vez seu trabalho no São Paulo Fashion Week, dessa vez buscando sua "Identidade". nome da coleção, que traz um dos mais tradicionais tecidos do país: o "panu di terá" . O pano apareceu principalmente em preto, mas também em outras cores, como laranja, verde e azul. "Sou muito reservada, não gosto de me expor, mas para falar dessa coleção fui buscar as raízes de meu país", afirmou a estilista após a apresentação.
Com tecnologia digital, que duplicavam, desmanchavam ou colocavam os modelos em paisagens do pais, a marca passou seu recado, ensinando inclusive o significado do tecido. Ele já serviu de moeda de troca valiosa nos tempos que o país era colônia de Portugal, virou símbolo de resistência nas lutas pela independência e tem significado especial para quem fica e quem deixa as ilhas que formam o país, caso de Ângela.
Uma bandeira manual que representa a diáspora do povo de lá. Para mergulhar ainda mais em suas origens, a estilista fez parceria com o artesão carboverdiano Antônio Garcia (Santinho), que tece o pano em teares ancestrais, como se vê no começo do filme.
Ao lado de peças brancas e pretas, o "panu di terá" conduz a narrativa da apresentação, de forma contemporânea, trabalhada em formas mais largas ou mais justas, no formato em A, além de pregas, babados, plissados, recortes e drapeados. Se a tendência é sobreposições, Ângela a usa, mas de forma delicada e elegante. As peças são complementadas por acessórios com apelo africano, como piercings de boca, nariz e orelhas, pulseiras e colares que modelam o pescoço. Uma apresentação para guardar na memória. Um aprendizado.
Veja o filme de Ângela Brito aqui
Neriage
A Neriage, de Rafaella Caniello, apostou nos vestidos fluidos, peças mais largas e confortáveis, principalmente em vermelho e azul-royal, mas não faltou bege e branco. O tema da coleção foi "Lampejo" e a estilista pensou na casa, em ficar em casa, mesmo que esse espaço não seja onde a pessoa mora.
Para a coleção que começou a ser idealizada no ano passado, a estilista apostou em matéria-prima leve, acetinados e também estruturados, como o que aparece num look com faixa em X, em duas cores, no dorso. As peças conferem liberdade de movimento, como se vê nos movimentos da bailarina, que usava um vestido vermelho.
As bolsas e chapéus foram feitos por mulheres indígenas da etnia Warao, refugiadas da Venezuela. A venda dessas bolsas e chapéus terá parte do lucro
revertido de volta para a causa.