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Confira se sofre da síndrome workaholic

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María Jesús Ribas

Para um número cada vez maior de pessoas, quando chegam as férias, bate um dilema que não consiste em escolher entre ir à praia, ao campo ou à montanha. Também não se perde o sono para decidir entre ofertas ou pacotes turísticos, viagens de trem, avião, ônibus ou no próprio veículo ou ainda como passar o melhor tempo possível com o cônjuge, família ou amigos. O que realmente preocupa a essas pessoas é como continuar trabalhando durante as férias, período que para eles não significa um momento para relaxar, mas um amargo remédio que não querem tomar.

Há pessoas que não 'desconectam' do trabalho nem mesmo nas férias
Há pessoas que não 'desconectam' do trabalho nem mesmo nas férias
Foto: EFE

"Para trabalhar quando não devem, encontraram aliados nos laptops, tablets eletrônicos, smartphones e outros aparelhos tecnológicos que os permitem armazenar documentos, aplicativos e programas, buscar informações na internet, estar conectados ao escritório e a outras pessoas, fazer ligações e trocar mensagens", assinalou a psicóloga clínica Majendri Marqués.

"Quanto mais conectados estão com seus aparelhos eletrônicos e seu trabalho, e menos conectados ficam com suas férias e mundo interior, mais aumenta o estresse, mal-estar e ansiedade dos que sofrem a chamada síndrome do workaholic, mas esta dependência laboral afeta trabalhadores de todos os níveis e profissionais independentes", alertou a especialista.

"Diferente daquilo que pensam, agir dessa forma não traz benefícios, porque os submete a um desgaste físico, psicológico e emocional, que faz com que, ao retornar à rotina laboral, fiquem cansados, sejam menos eficazes e produtivos, cometam mais erros e tenham maior falta de concentração no trabalho", destacou a psicóloga, que dirige o Centro de Crescimento Pessoal na cidade espanhola de Arroyomolinos.

Aqueles que sofrem dessa síndrome apresentam grande vontade de superação e nível de perfeccionismo, resistem a descansar e temem se ausentar de seu trabalho porque, caso o fizessem, se sentiriam menos importantes do que acham que são. Também lhes falta confiança de que seus colegas de trabalho possam agir tão bem durante sua ausência.

"São pessoas que, durante as férias, tendem a realizar atividades estressantes. Em vez de relaxar e aproveitar, transformam o trabalho em seu principal assunto de conversa, passam o dia falando ao telefone celular e recebendo, enviando e respondendo mensagens", explicou Marqués.

A crise econômica impede o relaxamento

De acordo com recentes estudos, a síndrome do workaholic está se proliferando cada vez mais devido à atual crise econômica mundial, já que muitas pessoas sentem incertezas em relação ao futuro de sua carreira caso não saibam o tempo todo o que está acontecendo em sua empresa e têm medo de que, ao voltar das férias, durante sua ausência, tenham ocorrido coisas que ameacem seus cargos.

O relatório da empresa de recursos humanos Randstad constatou que "a crise e a incerteza laboral incidiram no progressivo aumento dos funcionários que não conseguem se desligar do trabalho durante seu período de férias".

Segundo este estudo, publicado em 2011, tem aumentado a proporção de funcionários que pensam no trabalho durante as férias e ficam em função de possíveis telefonemas do chefe.

Além disso, a Randstad apontou que o estresse acumulado durante o ano - e especialmente às vésperas das férias - são outros fatores que impedem os trabalhadores de aproveitarem plenamente seu período de descanso.

E o que se pode fazer para se desligar do trabalho durante as férias e evitar cair na síndrome do workaholic? A empresa Randstad listou uma série de conselhos para isso, como "procurar ter um último dia de trabalho tranquilo", já que muitos funcionários têm a impressão de que deixaram algo pendente na véspera das férias.

Dias antes do recesso, uma forma de "treinar" para se desligar é, segundo a Randstad, refletir sobre o quanto se pensa no trabalho, para, em seguida, "avaliar se este tempo é rentável e benéfico ao trabalho, à empresa e à família".

Os especialistas da empresa de recursos humanos também sugeriram "não forçar a barra" durante as férias para fingir que aproveita cada minuto do descanso, ou seja, não se deve pensar que "é necessário" fazer todo tipo de atividade turística ou de lazer para aproveitar o recesso. A chave é substituir o "tenho que" pelo "gostaria de", para que tudo se torne menos cansativo e sufocante.

Preparar bem as férias, tirar dias suficientes e não idealizá-las de tal forma que impeça mudanças de planos são outros dos conselhos para se desligar, já que, "se nossas expectativas não forem cumpridas, o resultado de nossas férias será uma decepção¿, advertiu a Randstad.

Por último, mas não menos importante, os especialistas da empresa recomendaram evitar os e-mails e telefonemas profissionais durante as férias, e "aprender a aproveitar a vida e os pequenos prazeres da existência".

Atenção plena para se desestressar

Para a psicóloga clínica Sonia Algueró, que dirige o Instituto Mensalus, as novas tecnologias representaram um grande avanço para facilitar nosso trabalho. "O avanço na tecnologia de telefonia celular, com iPhone, BlackBerry e internet no celular, significaram um fácil acesso ao e-mail de qualquer lugar e permite trabalhar a qualquer hora e a qualquer lugar."

"Muitos de nós vivemos rodeados de computadores e aparelhos em casa e no trabalho. Estamos acostumados a ter acesso ao e-mail quase o dia todo. Por isso, é francamente difícil mudar tal hábito nas férias", disse a especialista.

Segundo ela, muita gente não consegue sair de férias sem checar constantemente a caixa de entrada do e-mail. "Todos esses avanços facilitam ainda mais o hábito de levar o trabalho no bolso quando estamos com a família, de viagem ou no hotel descansando."

Para atenuar a falta de desligamento que significa o uso de telefone e conexão à internet, a diretora do Mensalus propôs algumas táticas baseadas na técnica da "atenção plena", que busca que a pessoa se centre no momento presente de um modo ativo, procurando não interferir nem avaliar o que sente ou percebe em cada momento.

Para aproveitar o desligamento e tranquilidade das férias e incorporá-los como estado de equilíbrio e bem-estar que nos permita enfrentar nossa vida diária, a psicóloga sugeriu "se concentrar no momento presente em vez de ficar pendente do passado (reflexões) ou do futuro (expectativas, temores, desejos)".

Sonia Algueró também sugeriu "observar a experiência sem o filtro das próprias crenças e observar os objetos como se fosse a primeira vez", assim como "experimentar e aceitar os sentimentos, pensamentos e eventos da vida cotidiana plenamente e sem defesas, como são, ainda que sejam desagradáveis, já que são ocasionais e limitados no tempo".

Para se desligar nas férias, não se deve deixar tomar por nenhum pensamento, sentimento, sensação ou desejo, nem se apegar ou se identificar com eles, mas sim deixá-los acontecer como eventos passageiros em vez de reflexos de um mesmo, segundo Algueró, que também sugeriu manter "toda a atenção no que se está fazendo, esquecendo-se do resultado final".

EFE   
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