Dispensada na gravidez, pode?
Foto: Mãe com Prosa
Dispensada na gravidez, pode?
Por Patricia Travassos
Que chefes, em geral, torcem o nariz quando são informados da gravidez de uma funcionária, todo mundo sabe. Que muitas mulheres deixam de atingir cargos mais altos na hierarquia das empresas por causa da maternidade, a gente também já tem conhecimento. Mesmo assim, não deixa de ser chocante ouvir relatos de quem é dispensada do emprego porque anuncia estar esperando um filho. Conheço algumas histórias assim e me arrisco a dizer que todas as mudanças "doeram", mas foram para melhor. Calma!
Claro que não vou desconsiderar a frustração, o susto, o desrespeito, nem muito menos o perrengue que é se ver sem trabalho diante de uma situação que mereceria, no mínimo, algum apoio. Sem contar, a questão prática do dinheiro mesmo. Afinal, apesar de tantas incertezas que uma gestação é capaz de trazer, existe uma verdade inquestionável: as despesas vão aumentar com a chegada de um bebê em casa.
Eu conversei com a Camila Conti, uma das fundadoras da rede Maternativa que reúne 20 mil mulheres conectadas pelos dilemas que envolvem vida profissional e filhos. A própria Camila trabalhava como diretora de arte numa agência de publicidade e quando ficou grávida foi convidada a cumprir um plano que culminaria no seu desligamento do trabalho nove meses depois. Era um acordo bem planejado, estruturado e que até se propunha a ser respeitoso.
Mas, porque não usar todo esse esforço justamente na direção contrária? Essa é a pergunta que vale um milhão de dólares! Certamente, com planejamento, seria possível reter o talento daquela mulher e permitir à futura mãe conciliar da melhor forma possível o trabalho com o bebê.
Basicamente é isso que o Maternativa tenta responder há cerca de dois anos. Ao lado da sócia, a pedagoga Ana Laura Castro (que, apenas para constar, também foi dispensada do trabalho enquanto estava grávida), Camila criou a plataforma para ouvir mulheres, empresas e propor, em sua página oficial do Facebook, em eventos ou workshops presenciais, caminhos que evoluam as relações de trabalho quando o fator maternidade entrar em campo. Dessa forma, ela acredita que acolhe as mulheres nesse momento de tanta turbulência emocional.
"A ideia é apoiar o empreendedorismo e discutir as relações entre o mercado tradicional e as profissionais que são mães", explica Camila. Hoje, além de um grupo de debates, as sócias criaram também uma plataforma que oferece serviços e produtos feitos por mães para mães, numa espécie de comunidade em que umas conhecem as necessidades e os desafios das outras. Para Camila, "a maternidade é como uma locomotiva na vida, uma força motriz capaz de impulsionar todos os aspectos da mulher. É uma espécie de renascimento".
Eu concordo e digo mais: a criatividade da mulher é capaz de crescer junto com a barriga! Na pesquisa que baseou o meu livro "Minha mãe é o negócio", conheci outras mães que se perceberam mais completas depois da maternidade, não só do ponto de vista pessoal como profissional. Já está cientificamente provado que as profissionais que são mães desenvolvem habilidades muito produtivas para o ambiente corporativo. Mas isso é assunto para um próximo texto. Por enquanto, reflita e compartilhe sua história com a gente. Como ficou sua vida profissional depois que você engravidou? Um beijo e até a próxima!