Já educou digitalmente o seu filho, hoje?
Quase nunca deixo as meninas entrarem no meu Instagram. Numa deslizada de dedos vão ver fotos lindas com mensagens edificantes sobre o homem e o mundo, pratos apetitosos da Rita Lobo, bebês irresistíveis das amigas, selfies #nofilter do povo que se admira e… fotos da @amiga bêbada. Conhece? Rolo de rir! Mas reconheço que o conteúdo não é lá muito apropriado para as minhas filhas, né?
E aí outro dia uma delas pegou meu celular, parou numa foto e: posso curtir mamãe?
Fico pensando que ensinar os filhos a navegarem na rede mundial de computadores (ainda é assim que se fala ou isso é coisa dos anos 2000?) é mais ou menos o equivalente às lições que a gente recebia dos nossos pais sobre como andar de bicicleta.
Primeiro espera ter idade, crescer um pouquinho. Depois dá o presente, libera para andar de rodinha e vai permitindo liberdade aos poucos. Mesmo quando você tira as duas rodinhas continua lá, segurando a garupa e ditando as regras: olha para os dois lados! Buzina pra avisar que está passando e aperta o freio, hein?
Mas no caso das redes sociais a coisa é mais complexa, reconheço. Para andar com segurança no espaço virtual é preciso compreender questões que vão além do que gostaríamos de pensar como pedofilia, privacidade, autoestima e respeito.
Mamãe, posso clicar no coração? Sim, pode e lá vou eu explicar o que o gesto significa. Quando a gente dá um like quer dizer que concordamos com aquela ideia, apoiamos aquela causa, admiramos o texto publicado e o nosso posicionamento será visualizado por todos.
Mamãe, fiz um vídeo, mas sem postar tá? Ótimo! É hora de explicar que quando publicadas, as imagens da gente podem correr o mundo sem que tenhamos controle, que existem pessoas más que podem usar aquele conteúdo para diferentes fins e tal.
E depois do básico podemos usar as redes sociais para tratarmos da
lógica (totalmente sem sentido) desses espaços e até mesmo questionar a etiqueta digital que impede que a gente saia de grupos em que fomos obrigados a entrar e mantemos em silêncio desde o ano passado; saber que um kkkk não garante que o dono do dedo do outro lado da tela está achando qualquer graça; que um coração pulsando pode ser publicado na página de quem a gente não ama de verdade e que acontece de você dar um like para um texto que você nem leu (confessa, vai?).
Pra mim, educação digital se aprende em casa e começa cedo. É uma boa chance para aprendizados sobre intimidade, reconhecimento, coerência, respeito, tolarância, autenticidade, amizade real e sentimentos virtuais.
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