O que seria de nós sem a nossa rede de proteção?
Estava no meio de uma outra crônica (tá, decidi adiá-la pra semana que vem porque o negócio é escrever sobre o aqui e o agora!!!!), quando recebo a seguinte mensagem:
Ela: Mi, posso deixar as meninas amanhã na sua casa lá pelas 6h50??? Preciso ir para o trabalho mais cedo e meu marido vai viajar. Te atrapalha muito? A que horas vocês saem? Acho muito cedo para deixá-las na escola… Me diga se dá? Me avisa???
Eu: Claro, tranquilo. Deixe a hora que quiser!
Ela: Emoji agradecido (aquele da maozinha) e um muito obrigada cheio de alívio.
Já imagino ela teclando no celular disfarçadamente enquanto finge prestar atenção no chefe que comanda uma reunião da maior importância (para ele) onde o destino da empresa está em jogo. E o destino dos filhos dela que amanhã não têm nem como ir pra escola, gente?????
Sei bem e você também sabe que depois da maternidade a vida é uma sucessão de imprevistos, desafios e esquemas. Me imagino, às vezes, no meio de uma partida do WAR, aquele jogo que requer pensamento de estrategista de guerra. Quando tudo parece funcionar e ficar encaixadinho, lá vem uma novidade pra destruir a tática recém-adotada.
Depois que se tem filhos não dá mais pra viver sem ajuda. E eu com gêmeas, então? Não sei para você, mas chamar por socorro é coisa complicada pra mim porque adoro me virar sozinha e não curto pedir favores.
Só que depois da maternidade é preciso fazer parte de uma rede, uma rede de proteção que é capaz de avisar a professora na escola que você ficou presa no trânsito e vai ter de buscar seu filho na biblioteca, capaz de dar carona para as suas meninas na festa do amigo evitando aquela queimação de filme de, mais uma vez, dizer que precisa sair mais cedo do trabalho (todo mundo diz que entende, mas no fundo torce o nariz para as atribuições maternais). Uma rede que te avisa que sua filha saiu chorando da escola e que levanta o seu astral dizendo que você é uma mãe in-crí-vel justamente quando você se sente no fundo do poço e precisava ouvir aquilo (mentiras sinceras me interessam… rs).
E em tempos tecnológicos, o conceito de rede vai além e inclui o mundo virtual que conecta a gente de um jeito nunca antes imaginado. Ali no WhatsApp tem trocas de ideias, desabafo sobre a nossa insuficiência (leia aqui a última crônica sobre o tema), doação e venda de uniformes antigos, compartilhamento de receitas e títulos de livros, uma certa fofoca porque todo mundo é filho de Deus, produção do próximo café da manhã ou do aniversário de uma de nós que terá uma competição de volleyball.
Tudo bem, às vezes acho que vou enlouquecer com tantos assuntos, conversas paralelas e atravessadas ao vivo e virtualmente. Tento me silenciar pra me concentrar, mas quer saber? A maternidade é louca mesmo e nada melhor do que dividir tamanha insanidade com outras doidas que nem eu.
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