Saiba como decidir se deve ter ou não uma babá
Patricia Zwipp
Quando os filhos nascem, muitas mães ficam em dúvida se precisam de uma babá. A top Gisele Bündchen, por exemplo, não tem a ajuda de uma, assim como a jornalista Chris Flores, da Rede Record. Enquanto isso, muitas mulheres famosas, como a apresentadora global Angélica, e outras que vivem longe dos holofotes não abrem mão dessas profissionais. Afinal, como se decidir?
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De acordo com especialistas, deve-se levar em conta a necessidade da família. Foi o que fez duas vezes Daniela Martins, de 38 anos, com resultados satisfatórios. Meses depois do nascimento de Gabriela, de 2 anos e 7 meses, apostou em uma babá, porque acreditava que não daria conta do recado, principalmente devido aos trabalhos finais da faculdade que estavam por fazer. Assim que a garota completou 1 ano e 9 meses, a contratada teve de se afastar por conta de uma gravidez. Daniela, então, decidiu aventurar-se sozinha na criação. "Minha filha vai de manhã à escola, enquanto eu trabalho em casa. Quando ela volta, fico com ela. Se sobra trabalho, faço só à noite. É cansativo, mas não tem preço ver a criança se desenvolvendo."
Dicas
Mas quais itens familiares devem ser avaliados? Analise a carga horária de trabalho, a disposição dos avós em ajudar, a condição financeira (é claro), tempo disponível para entrevistar tranquilamente as profissionais. Se o emprego dos pais é em período integral e ainda exige vida social intensa, com muitos eventos noturnos, e os avós moram em uma cidade distante, você realmente pode necessitar de auxílio.
"As famílias brasileiras procuram por babás porque esperam que as crianças fiquem no ambiente familiar, mesmo que não sob seus cuidados", disse Antoniele Fagundes, dona da empresa Babá Ideal, que presta consultoria familiar e cursos para babás. "Por isso, às vezes deixam de lado a casa dos avós e a escolinha. Mas cada família tem de decidir o que é melhor para ela."
Na opinião da terapeuta familiar Roberta Palermo, autora do livro Babá/Mãe - Manual de Instruções (Mescla Editorial, 160 p., R$ 33,90), mães que trabalham meio período têm como alternativa investir em uma babá apenas quando estiverem ausentes. Caso queiram deixar os filhos com os avós, mas acreditam que o trabalho é exaustivo demais, que tal pensar na hipótese de uma babá que dê suporte a eles?
Quando a mulher acha que tem tempo para se dedicar aos pequenos, o melhor é tentar sozinha antes de colocar alguém dentro de casa, segundo Roberta. "A escolha de uma babá virou hábito familiar, 'faz parte do enxoval'. Em alguns casos, basta ter a ajuda da empregada da casa em alguns momentos ou contratar uma folguista para um passeio no fim de semana."
Como escolher a babá
Se sua resposta for "sim, eu preciso de uma babá", chegou a hora de enfrentar a missão de escolhê-la. É muito importante se empenhar nesse momento, porque trocas constantes não são benéficas às crianças, que formam vínculo afetivo com quem cuida delas.
Como a profissão não é regulamentada (o Projeto de Lei 1385/07 do deputado Felipe Bornier, aprovado pela Comissão de Trabalho e que aguarda votação pela Comissão de Constituição e Justiça, busca essa regulamentação), os pais não têm como se apoiar em requisitados básicos ditados por lei. Mas alguns tópicos ajudam, e muito, na hora de tomar a decisão, como analisaram Antoniele e Roberta. Confira:
1) Busque referências: Levar um estranho para casa e, ainda por cima, com a responsabilidade de cuidar do seu filho não é algo tranquilizador. Todo cuidado é pouco. Peça indicação a amigos e familiares. Caso conte com o auxílio de uma agência, exija recomendações. Converse com as ex-contratantes e solicite que indiquem os pontos positivos e negativos da babá. Peça um atestado de antecedente criminal.
2) Fique de olho na aparência: Assim como em qualquer área, a primeira impressão é a que fica no momento da entrevista. Se a candidata tiver aparência desleixada, o que vai lhe fazer pensar que cuidará bem da garotada? Ela não precisa se apresentar de uniforme, mas de maneira discreta, com cabelo preso, unhas cortadas e sem perfumes fortes.
3) Formação: Ser alfabetizada é um item relevante, já que talvez precise ler a bula de um remédio, por exemplo. Como passa muito tempo com os filhos, é ainda desejável que fale corretamente para não prejudicar o aprendizado deles. Se tiver cursos de babá no currículo, melhor ainda.
4) Empatia: A empatia conta muito na hora da escolha, como lembrou Antoniele. É importante que haja afinidade entre babá, pais e filhos. Preste atenção como a profissional trata a criança, se é carinhosa e paciente.
Adaptação
Escolhida a babá, a próxima etapa é a adaptação. O tempo pode depender da idade da criança e experiências anteriores. A sugestão de Antoniele é separar ao menos 30 dias da licença-maternidade, mas o ideal seria três meses.
Durante esse período, é fundamental que a mãe ou o pai permaneça em casa instruindo a profissional. Deve explicar detalhadamente tudo, porque ninguém tem como saber como são a rotina e as preferências de cada família. Fale sobre horários, alimentação, passeios, como executar cada tarefa, que atitude tomar em momentos de emergência e o que permite ou não fazer com o filho. Com tudo claro, é mais fácil cobrar a execução correta.
Além disso, o pequeno precisa criar um vínculo com a babá. Afinal, é ele quem vai passar boa parte do tempo em sua companhia. Para isso, os adultos têm de transmitir segurança. Uma dica da terapeuta familiar é investir em mensagens positivas, como "Que legal, sua babá monta quebra-cabeça muito bem!"
Tem que participar
Depois de passar pelo difícil processo de escolha de uma babá e, em seguida, pela adaptação, nem pense em se acomodar e deixar todas as tarefas nas mãos dela. Afinal, não quer que seu filho lhe substitua pela profissional, certo?
"O vínculo afetivo se fortalece por meio do toque, do acolhimento. Por mais que a criança fique muito bem com a babá, nem sempre compreende porque tem de tomar banho com ela se a mãe já está em casa", disse Roberta Palermo.
Portanto, os pais devem colocar em prática regularmente, mesmo cansados, algo como trocar fraldas, dar banho, alimentar, escovar os dentes. Definitivamente, apenas ler um livro antes de dormir não conta. Participe efetivamente da criação dos filhos. É recompensador.