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Sou mãe, mas às vezes queria é ser pai

15 ago 2018 - 10h10
(atualizado às 13h49)
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Foto: Mãe com Prosa

Fala se você nunca pensou que gostaria de ter nascido pai. Nunquinha?

Ser mãe é a coisa mais maravilhosa do mundo, dom divino, oportunidade de evolução, acesso direto e sem escalas ao amor mais profundo, mas tem dia que eu queria mesmo é ser pai.

E não tô aqui criticando (só um pouquinho..rs), mas observando que, ainda que a gente divida milimetricamente a função com os filhos (meu caso), existe um abismo entre maternidade e paternidade. Não acha?

Pai é aquele cara que, mesmo amando loucamente os filhos, chega em casa, abre um saco de castanhas (fura no meio e não corta a ponta da embalagem) e mata a fome. Já você, correria para o fogão pra fazer o ovo mexido que uma filha gosta e esquentar a sopa da outra.

Pai não se estressa se o dente não foi escovado na direção correta (tem isso não tem?); entrega o celular de vez em quando (quase sempre) pra ter paz, sem um pingo de consciência pesada; não se culpa por que as filhas abandonaram o arroz integral aos 4 anos; não perde o sono pensando como será a lembrancinha da festa de aniversário das gêmeas e nem pensa na filha da amiga que não foi convidada porque suas filhas não são amigas da filha dela.

Pai não se preocupa com os presentes das professoras; não precisa se levantar 345 vezes durante a refeição para ir com as filhas ao banheiro (no caso da meninas); não é obrigado a dominar a técnica de fazer rabo de lado; a pensar no cardápio do almoço jantar e lanche da escola (com uma combinação de proteínas + carboidratos) e nem se sente o pior ser humano do mundo porque perdeu a paciência com as filhas APENAS porque colocaram um pedaço de carne mastigada no seu prato. Elas não colocam no dele, gente.

Não estou aqui querendo dizer que a vida do pai é mais fácil (só um pouco, vai) apenas constatando que são visões de mundo infinitamente diferentes e talvez complementares. Por que não?

No fundo queria ser pai para ser menos cobrada (por mim mesma, especialmente), para me sentir menos culpada, para viver de forma ligeiramente irresponsável, manter uma certa leveza mesmo nos momentos mais pesados e ainda ser admirada pelo universo apenas porque sou presente na vida das minhas filhas.

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