Novela Travessia: médicos alertam sobre riscos de cirurgia plástica na adolescência
Crédito: É necessário que o paciente tenha uma boa preparação psicológica para encarar a mudança da própria imagem após a cirurgia (Imagem: megaflopp | Shutterstock)
Quem acompanha a novela das nove da Rede Globo, Travessia, viu que a personagem Karina, interpretada pela atriz Danielle Olímpia, uma adolescente, foi influenciada por uma amiga blogueira a fazer um implante de silicone nos seios. "A adolescência é uma fase na qual a autoestima ainda depende muito de uma boa aparência. Além do bullying, que é um motivo de procura por procedimentos estéticos, as próprias mídias digitais podem levar a esse desconforto com a própria imagem", afirma o cirurgião plástico Dr. Daniel Lobo Botelho, presidente da BAPS (Brazilian Association of Plastic Surgeons).
Antes disso de passar por uma cirurgia plástica, de acordo com o médico, é fundamental que os jovens estejam preparados psicologicamente para lidar com a mudança da própria imagem após o procedimento. "Nesse sentido e considerando algumas peculiaridades, os adolescentes, quando estão saudáveis fisicamente e mentalmente, podem realizar procedimentos, desde que estejam acompanhados na consulta pelos responsáveis", explica.
Indicações de cirurgia plástica
A associação defende que a indicação para uma cirurgia está mais ligada ao problema do que à idade do paciente, mas é necessário avaliar o nível de crescimento, a evolução física e a maturação dele. No geral, as cirurgias reparadoras não têm idade limite; já a cirurgia estética, pode ser feita a partir dos 16 anos, com autorização dos pais.
A BAPS, no entanto, alerta que o médico deve estar atento a questões como alteração na percepção da imagem corporal, que se torna uma patologia quando começa a afetar a vida social e a saúde do adolescente, evidenciando que o padrão mental do jovem não está de acordo com a realidade.
Necessidade de orientação médica e dos pais
Nos casos de distorção da imagem, o próprio corpo torna-se, para eles, uma experiência real e verdadeira. A BAPS argumenta que o ideal é que o adolescente converse com os pais e, após conseguir permissão, discuta francamente com o médico sobre expectativas e resultados da cirurgia, bem como sobre os cuidados pré e pós-operatório.
"Antes de realizar tratamentos em adolescentes, o cirurgião deve conversar muito com esse público para verificar se o paciente é um bom candidato para a cirurgia, certificando-se de que ele está procurando o procedimento pelos motivos certos e é emocionalmente maduro para lidar com o estresse de todo o processo, desde anestesia e cicatrização até possíveis complicações", ressalta o presidente da associação.
Cirurgias que podem ser feitas em adolescentes
Alguns procedimentos são simples, embora não isentos de chances de complicações, e podem ser uma boa forma de devolver autoestima aos jovens. Como exemplo, a otoplastia (cirurgia das orelhas), que pode ser feita a partir dos seis anos, quando a orelha atinge de 80 a 90% do tamanho do adulto, mas na idade antes do início da vida escolar, evitando o bullying.
"Em alguns casos, a operação traz também benefícios funcionais, que ajudam o paciente a realizar melhor as atividades do dia a dia. Um exemplo são as mamoplastias redutoras ou mastopexias, que eliminam o desconforto dos seios muito grandes, dores nas costas e ombros, irritações dermatológicas na região, entre outros fatores", destaca o presidente da BAPS. Mas o ideal é que essa cirurgia seja feita após os 18 anos; em menores de 16 anos, recomenda-se avaliação multidisciplinar para caracterizar um procedimento reparador.
A rinoplastia também pode ser realizada, mas geralmente após os 16 anos, quando o nariz está completamente desenvolvido. Já no caso da lipoaspiração, o mais indicado é esperar a maioridade. "Caso resolva optar realmente pela cirurgia plástica, é imprescindível que o paciente ou seus responsáveis pesquisem antes de escolher um especialista, para poder ter certeza da competência do médico, desenvolvendo uma relação de confiança com ele", finaliza o Dr. Daniel Lobo Botelho.
Por Claudia da Holding