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Oncofertilidade: é possível preservar a fertilidade em meio a tratamento de câncer

O câncer é uma doença cujo tratamento pode ser nocivo para células reprodutivas. Para preservar o bom funcionamento dessas células, o melhor a fazer é buscar auxílio de um médico especialista

3 mar 2023 - 12h40
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É bastante assustador se deparar com uma doença como o câncer, em qualquer idade. No entanto, a ciência evoluiu e vem evoluindo cada vez mais tanto na prevenção quanto no diagnóstico precoce de diversos tipos de tumores. Segundo dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer), até 80% dos cânceres na população infanto-juvenil podem ser curados. No entanto, o próprio tratamento pode deixar sequelas.

Oncofertilidade: é possível preservar a fertilidade em meio a tratamento de câncer
Oncofertilidade: é possível preservar a fertilidade em meio a tratamento de câncer
Foto: Pexels / Viva Saúde

"O grande ponto em questão é que o tratamento para os tumores nessas pessoas jovens, envolvendo quimio ou radioterapia, é extremamente nocivo para as células reprodutivas. Essas células irão gerar nossos gametas, os óvulos e espermatozoides, e são células afetadas de forma devastadora pelos tratamentos oncológicos", explica o Dr. Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana.

O médico explica que meninos e adolescentes podem ter sua produção de espermatozoides zerada, tornando-se "azoospérmicos". As meninas, adolescentes e adultas jovens não escapam do mesmo problema: terão seus ovários afetados e poderão entrar na menopausa precocemente, sendo impossível que consigam engravidar com o próprio material genético no futuro.

É possível preservar a fertilidade em meio a tratamento de câncer; especialista explica

"Neste contexto surge a preservação da fertilidade. São tratamentos muito importantes que possibilitam aos sobreviventes dessa doença terrível a chance de ter filhos no futuro", diz o médico.

Os meninos que já entraram na adolescência podem congelar seus espermatozoides. É um processo bem mais simples e bem menos invasivo do que o das mulheres.

"A coleta dos espermatozoides normalmente acontece por masturbação e deve ser realizada antes dos procedimentos de quimio ou radioterapia", explica o Dr. Fernando Prado.

Já nas meninas, existem mais opções. "Se ela ainda não entrou na adolescência e não produz óvulos maduros ainda, podem ser retiradas "fatias" dos ovários. Essas amostras de tecido ovariano são congeladas e nelas estão os óvulos imaturos, que poderão ser utilizados no futuro. Outra possibilidade é estimular a ovulação e coletar os óvulos já maduros dessas mulheres. É um processo semelhante ao que é realizado quando fazemos a fertilização in vitro. Dura perto de duas semanas para termos os óvulos prontos para o congelamento", diz o Dr. Fernando.

Seja qual for o material obtido, espermatozoides, óvulos ou tecido ovariano, ele fica congelado (criopreservado) em tanques de nitrogênio líquido.

"Essa preservação pode durar por décadas e, se no futuro a pessoa não puder engravidar ou ter filhos naturalmente, terá a oportunidade de utilizar o material criopreservado. Óvulos e espermatozoides são utilizados para fertilização in vitro e formação de embriões, que posteriormente são transferidos para o útero, possibilitando a gravidez. Já o tecido ovariano pode ser reimplantado sobre os próprios ovários de onde foi extraído, ou mesmo implantado em outros tecidos, como na gordura da pele do braço", destaca o médico especialista.

Segundo o Dr. Fernando, esse tecido ovariano passa a ser estimulado pelos hormônios do organismo da mulher e passa a produzir óvulos maduros, que darão origem a uma gravidez.

"Logicamente, se o tecido ovariano foi implantado no braço, esses óvulos precisam ser retirados e fertilizados in vitro, para que os embriões obtidos sejam transferidos ao útero. Compete aos médicos fornecer essas informações aos pais e aos pacientes que estão em risco de perder sua fertilidade em virtude do tratamento para o câncer. Embora seja um momento muito difícil, com outras questões prioritárias, preservar a fertilidade é algo que precisa ser pensado e discutido", finaliza o Dr. Fernando.

Viva Saúde
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