Pesquisa aponta que quase 2/3 dos brasileiros não usam protetor solar
Falta de fotoproteção tem origens em questões econômicas e na falta de incentivo de campanhas; entenda melhor
Apesar de ser indispensável durante todo o ano, o protetor solar tem uma função muito importante durante o verão: proteger a pele contra os raios ultravioleta. Mas de acordo com um levantamento realizado pelo Instituto de Cosmetologia, 71% da população não usa filtro solar diariamente e 55% não sabe a quantidade ideal a ser aplicada sobre a pele contra os nocivos raios UVA e UVB.
Os dados fazem parte da maior pesquisa sobre utilização de fotoproteção no Brasil, com respondentes nas 27 unidades federativas do país. Segundo Lucas Portilho, que é especialista em Ciências Médicas e lidera este estudo nacional, "desde 2014, os números já eram altos, mas hoje estamos falando em quase dois terços da população brasileira exposta sem qualquer filtro à radiação ultravioleta", observa.
Em 2021, a mesma pequisa indicou que 62% da população não utilizava fotoprotetores em qualquer período do dia. Ou seja, houve um aumento neste hábito. "A redução no uso do filtro solar mostra que campanhas de conscientização precisam ser mais eficientes para que o brasileiro assimile uma rotina de aplicar fotoprotetores", diz Portilho.
Pandemia e crise financeira
Neste último levantamento, uma questão em especial revela hábitos da pandemia. Entre os entrevistados, 62% disseram que deixaram de usar filtros solares durante o período da quarentena. Para o especialista, que atua no desenvolvimento de fotoprotetores, este é um dado com potencial para impactar o aumento no número de pessoas que não aplicam diariamente o protetor sobre a pele.
Embora o período de lockdown tenha impactado para essa redução, o especialista também afirma que o preço do produto possa ter afastado os consumidores. "Pelo alto custo e pela crise financeira que se instaurou no país, a proteção solar passou a segundo plano no consumo do brasileiro", diz Lucas Portilho.
Bronzeamento e protetor solar
O Brasil detém hoje um dos maiores índices de incidência de raios ultravioleta do planeta, justamente por estar localizado em uma região tropical. "Paradoxalmente, a exposição solar é uma cultura no país, e nem sempre está associada a hábitos de saúde", destaca o coordenador da pesquisa. Apesar do aumento do número de pessoas preocupadas em se protegerem dos raios UVA, ainda são 27% os brasileiros que consideram o bronzeamento uma prática saudável.
Mas vale lembrar que a fotoproteção vai muito da radiação UVB, que é aquela que causa vermelhidão quando se vai à praia ou piscinas. "Há também os raios UVA, que atravessam vidros e janelas e penetram profundamente na pele, chegando à derme, onde estão as fibras de colágeno e elastina", destaca.
Os radicais livres gerados por esta radiação promovem a degradação destas fibras e causam fotoenvelhecimento, rugas, linhas de expressão, flacidez e manchas. Isso sem mencionar que a não aplicação de protetor solar aumenta os riscos de câncer de pele. Portanto, todo cuidado é pouco!
Muito além de diagnosticar hábitos do brasileiro sobre a exposição ao sol, a pesquisa demonstra a necessidade de medidas em larga escala para esclarecer a população sobre os malefícios da radiação ultravioleta.
"É urgente que se façam ações permanentes de conscientização sobre a necessidade diária dos fotoprotetores e a aplicação correta dos filtros solares como forma de prevenção e saúde", conclui Lucas Portilho.
Outros dados da pesquisa
- FPS 30, 50 e 60 são os preferidos dos usuários.
- 57% dos que utilizam protetor solar não reaplicam o filtro ao longo do dia.
- 52%, mais da metade da população, não usam o produto em dias nublados.
- 46% se expõem ao sol apenas pela manhã por acreditar ser o horário mais seguro.
- 12% utilizam roupas como barreira de proteção solar.
- 10% apenas consultam o dermatologista para indicação do melhor filtro.
Fonte: Lucas Portilho, farmacêutico e especialista em ciências médicas