Plataformas de conteúdo viram alternativa de renda de mulheres
Serviços de assinatura de materiais eróticos ajudaram mulheres a superar a crise financeira durante a pandemia
Devido ao desemprego provocado pela pandemia de Covid-19, muita gente precisou se reinventar para sobreviver à crise. Foi nesse período que Nayara Ledu, de 24 anos, resolveu se aventurar no universo de venda de conteúdo após perder seu emprego em um escritório de logística.
Nayara começou a cobrar para produzir fotos e vídeos na Privacy, plataforma brasileira dedicada ao entretenimento adulto. A jovem, que sempre teve inseguranças com o próprio corpo por estar "fora dos padrões", lembra que no início foi difícil, pois tinha medo da exposição.
"Contudo, através de todo o suporte que a plataforma me deu fez com que eu abrisse a minha mente, me aceitasse do jeito que eu sou e criasse coragem de trabalhar com o que eu quero. Hoje eu tenho orgulho e encho a boca pra falar que eu trabalho com venda de conteúdo", diz.
O boom do conteúdo adulto
Na época em que Nayara começou a trabalhar com conteúdos eróticos, sites como a Privacy, onde ela tem conta, já eram populares no Brasil. O boom ocorreu em 2020 através do Onlyfans. A plataforma, que existe desde 2016, teve um aumento expressivo de usuários durante a pandemia, em razão da necessidade de isolamento social, que manteve as pessoas mais tempo em casa.
Naquele ano, seu faturamento cresceu 553% em relação à receita de 2019. Assim, o lucro da empresa saltou de R$ 42 milhões para R$ 371 milhões em 2020. Já a Privacy surgiu pouco tempo depois, em setembro de 2020, como concorrente do Onlyfans. Criada por brasileiros, a plataforma conta atualmente com mais de mais de 100 mil criadores de conteúdo cadastrados, sendo 95% mulheres.
A monetização do conteúdo é um dos grandes atrativos dessas plataformas. E, com cada vez mais pessoas, inclusive famosas, tendo altos ganhos com a venda de conteúdo adulto na internet, mais mulheres se sentiram estimuladas a entrar para esse negócio.
Mulheres faturam milhões
O retorno financeiro é o que mais chama atenção para o mercado de venda de packs e produção de material adulto. Na Privacy, por exemplo, criadores de conteúdo lucram com a assinatura mensal individual de cada usuário que assina seus perfis. O valor é definido pelo próprio criador, podendo ser de R$ 5 a R$ 200 por mês.
De acordo com a plataforma, o criador recebe 80% do total dos valores das assinaturas, enquanto ela fica apenas com 20%. Os perfis mais engajados chegam a faturar cerca de R$ 100 mil por mês. Porém, já houve um influenciador que alcançou R$ 500 mil na sua primeira semana atuando no site.
Por que isso é importante?
A indústria pornográfica é historicamente marcada por rotinas de trabalho exaustivas e traumatizantes. As mulheres, maiores vítimas, além de terem que lidar com a exploração dentro dos sets de filmagem, ainda recebem uma pequena parcela do enorme lucro alcançado pelos donos dos canais de distribuição.
Diante da possibilidade de ganhar mais pelo que produzem, as mulheres passaram a ter maior controle e independência sobre os seus conteúdos, evitando, principalmente, casos de violência e assédio durante a produção do material.
"Dentro da plataforma existem todos os tipos de pessoas e corpos, o que torna o ambiente totalmente inclusivo", conta Nayara, que se sente muito mais livre depois que entrou para o mercado de monetização de conteúdo adulto. "[A plataforma] representa para mim uma das melhores escolhas que já fiz. Foi graças a ela que eu me tornei a mulher que sou hoje e que conquistei tudo o que tenho", finaliza.