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Pobreza menstrual é preocupação no Brasil e no mundo; entenda

A chamada pobreza menstrual atinge milhares de mulheres e vem sendo combatida através de ações sociais

23 set 2021 - 13h32
(atualizado em 7/10/2021 às 18h11)
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No Brasil, uma estudante a cada quatro faltam à escola quando menstruam
No Brasil, uma estudante a cada quatro faltam à escola quando menstruam
Foto: Divulgação / Alto Astral

No Brasil, cerca de 713 mil meninas vivem em casas sem banheiros e mais de 4 milhões não têm acesso a itens mínimos de cuidados menstruais nas escolas, como água, sabão ou papel, como aponta o relatório "Pobreza Menstrual no Brasil: desigualdade e violações de direitos", lançado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) neste ano. 

A chamada pobreza menstrual refere-se à falta de recursos no período da menstruação - lembrando que não só a falta de absorventes ou coletores menstruais fazem parte do problema, mas também o simples acesso a saneamento básico. Com isso, muitas meninas e mulheres acabam recorrendo a métodos precários para conter o fluxo, como pedaços de jornal, papelão, pano ou miolo de pão.

E ainda vale ressaltar que não se trata de um problema apenas de países em desenvolvimento, embora as condições socioeconômicas tenham um impacto expressivo na questão. Em termos mundiais, os números de falta à escola por conta da menstruação também impressionam.

Dados da Organização Mundial da Saúde (ONU) revelam que, em todo o mundo, uma em cada 10 meninas deixam de ir ao colégio durante o período menstrual, por questões relacionadas à falta de acesso ao básico, por medo, vergonha ou pela combinação desses fatores. No Brasil, essa proporção é mais urgente: uma estudante a cada quatro faltam à escola quando menstruam.

Por conta disso, a ONU reconheceu, em 2014, o direito das mulheres à higiene menstrual como uma questão de saúde pública e de direitos humanos.

Razões para acreditar

Apesar da realidade no Brasil, ainda há luz no fim do túnel já que organizações, marcas e personalidades têm se unido cada vez mais para combater a pobreza menstrual.

Recentemente, ex-BBB e influenciadora digital Hana Khalil anunciou em suas redes sociais que irá doar 1.500 absorventes reutilizáveis e 500 coletores menstruais para o Voz das Comunidades, organização do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro (RJ), que ajuda moradores em situação de vulnerabilidade social.

A ação, em parceria com a marca Inciclo, visa reforçar a importância da higiene menstrual, isto é, o acesso das mulheres a produtos de higiene íntima durante seus ciclos, e combater a pobreza menstrual. "Além dos absorventes, também traremos algumas palestras sobre higiene menstrual e informações sobre questões de saúde básica, anatomia e sexualidade, para que se reduza minimamente esse dilema", explica a influencer, que frequentemente levanta pautas sobre o direito das mulheres em suas redes.

Hana também lembra que, apesar da ação não ser suficiente para mudar o problema como um todo, ela com certeza fará a diferença na vida de muitas pessoas. "Definitivamente não mudaremos nem 0.1 do tamanho do problema, mas poderemos trazer dignidade menstrual para algumas das pessoas que vivem esse pesadelo da falta de acesso. Seguimos no caminho ao combate à pobreza menstrual e rumo ao direito básico de menstruar e poder cuidar da própria higiene. Higiene menstrual é direito", destaca.

"Se menstruar já é um momento delicado todo mês, imagina ficar sem cuidados básicos durante a menstruação? No Brasil, não temos absorvente gratuito disponibilizado. Isso porque a misoginia e os problemas da desigualdade social atingem questões de saúde pública quando se trata de mulheres", ela comenta. 

Por fim, Hana defende que a dignidade menstrual seja um direito de todas. "Precisamos de absorventes disponibilizados gratuitamente no SUS, mas também precisamos eleger pessoas que tenham como meta priorizar políticas públicas responsáveis com a saúde dos brasileiros, trazendo saneamento básico e água potável. Não é um privilégio, é um direito. Não podemos considerar como privilégio o mínimo de acesso à higiene básica se isso é indispensável para o bem-estar humano e social", finaliza.

Alto Astral
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