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Por que adoramos monitorar a vida online de quem não gostamos?

26 nov 2023 - 12h31
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Quem nunca ouviu o clichê "a internet aproxima quem está longe e afasta quem está perto", não é mesmo? Por mais bobagem que isso possa soar para algumas pessoas, o primeiro trecho dessa mensagem não poderia ser mais verdadeiro. Inclusive, nos aproximamos tanto das pessoas que estão longe da nossa existência que continuamos buscando informações sobre cada detalhe da vida delas de forma voluntária e involuntária.

Não à toa, o termo "stalkear", que é um abrasileiramento de uma palavra em inglês para "perseguição", tornou-se popular na internet. Além desse desejo incontrolável de monitorar a vida alheia, também criamos o costume de compartilhar postagens em longos grupos de amigos para falarmos mal de pessoas que não gostamos. Então, de onde vem tanta obsessão por pessoas que não são mais importantes para nós?

Mudanças no mundo

(Fonte: Getty Images)
(Fonte: Getty Images)
Foto:  GettyImages  / Mega Curioso

Desde os tempos pré-históricos, a humanidade tem prosperado na busca e obtenção de informações sobre o mundo ao nosso redor, especialmente no que se refere a outras pessoas. Não importa se amamos ou odiamos alguém, as emoções que sentimos ativam alguns dos mesmos circuitos no cérebro. Por isso, é tão gratificante stalkear alguém que detestamos. 

Isso pode ser aquele influenciador que você acha insuportável por compartilhar excessivamente cada detalhe de sua vida ou a sua ex-namorada que te deixou depois de um término dolorido. Um fato é que o sentimento de comparação social desenvolvido na era digital nos obrigou a acompanhar as aparências e a criar sistemas de compensação para aquilo que nos falta.

Mesmo com tantos efeitos negativos reais, pode ser difícil para uma pessoa admitir que isso é um problema que precisa ser resolvido. O vício em redes sociais é algo com efeitos negativos para a saúde mental e física humana, assim como fumar, beber álcool e por aí vai, mas de forma muito mais velada.

Como resultado disso, é comum entrarmos sozinhos nessa espirais de controle da vida alheia e sairmos dessas sessões de perseguição social sentindo-nos envergonhados pelo que fizemos ou nos perguntando como investimos tanto esforço na vida digital dos outros. Esse é um comportamento delicado que revisita muitas emoções conflitantes, das quais evitamos procurar ajuda.

Apagando hábitos nocivos

(Fonte: Getty Images)
(Fonte: Getty Images)
Foto:  GettyImages  / Mega Curioso

De acordo com especialistas, uma das formas mais efetivas de lidar com o vício de stalkear a vida alheia é acompanhar os momentos em que você sente necessidade de perseguição social e avaliar quais fatores esses casos podem ter em comum. Por exemplo, você anda stalkeando pessoas que não gosta para se sentir melhor em relação aos seus próprios problemas pessoais? Essa é uma tentativa de sarar feridas abertas do passado? Tudo isso são indicativos de problemas maiores que você precisará resolver internamente. 

Se não tomarmos cuidado, a perseguição nas redes sociais pode passar de um pequeno prazer inofensivo para um reflexo negativo que se infiltra em nossas rotinas diárias. Logo, reconhecer o desejo de apagar esses atos corrosivos da sua vida já é uma ação que te colocará em curso de corrigi-los. Uma forma de eliminar esse hábito pode ser substituí-lo por outro "vício", como um hobby ou uma outra mídia social.

Em casos extremos — sobretudo para quem se sente sobrecarregado pela quantidade de informações —, uma desintoxicação digital total pode aliviar sua cabeça por um tempo e frear o seu comportamento. Entenda que esse tipo de hábito pode ser o sinal de um episódio depressivo ou de uma obsessão doentia, mas que você não está sozinho nessa jornada. 

Use isso para fortalecer seus outros relacionamentos, encontrar outros caminhos de felicidade na vida e se abrir para sarar algumas feridas do passado. A tristeza que vem com isso não significa que você é um ser humano ruim, mas que precisa de um momento de reflexão para não entrar em uma espiral de ódio. 

Mega Curioso
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