Psicopata: quais as características?

Filmes, séries, podcasts, livros, estudos… O que não falta no mundo é conteúdo sobre crimes brutais que chocaram a população, e muitas pessoas já caracterizam os responsáveis por tais delitos como psicopatas, mas você realmente sabe o que define a psicopatia?

As principais características de um psicopata

Fábio Cantinelli, psiquiatra pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP (IPq/HC/FMUSP) e pelo NuFor (Núcleo de Psiquiatria Forense do IPq), e especialista em psiquiatra forense, afirma que psicopatas não possuem capacidade de empatia, de se solidarizar, e de se comover com a dor ou sofrimento do outro. "Eles agem de acordo com seu egoísmo, não interagem, não pensam na questão da relação ou mesmo social mais ampla. Agem de acordo com seu ganho muito pessoal, com seu prazer próprio, sem se preocupar com a relação. O outro é descartável nos seus propósitos", explica.

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Além disso, o psiquiatra destaca que os psicopatas tendem ao narcisismo, e não esboçam remorso ou arrependimento em ações que prejudicam o outro. "Podem ser manipuladores ou mesmo sádicos. Eles também têm capacidade prejudicada de tolerar frustrações. Podem ser impulsivos, e geralmente são. Têm incapacidade de amar, de corresponder ao amor. Não sentem vergonha pelos atos que praticaram. Geralmente, é alguém manipulador, o que pode envolver uma capacidade de charme ou sedução. Reitere-se que existem vários graus de psicopatia e as características acima podem ser mais leves em alguns, mais severas em outros."

Como é feito o diagnóstico de um psicopata?

Uma pessoa pode ser diagnosticada como psicopata após uma avaliação psiquiátrica criteriosa, que geralmente inclui entrevistas clínicas, observação comportamental e aplicação de testes psicológicos específicos, como o Psychopathy Checklist-Revised (PCL-R), que é um método de identificação profundo de comportamentos e da mente. O diagnóstico só pode ser feito por um profissional de saúde mental qualificado, como um psiquiatra ou psicólogo. (box)

Como se desenvolvem os traços psicopáticos?

O psiquiatra afirma que vários fatores biológicos podem estar ligados a um psicopata, passando por um funcionamento prejudicado do lobo pré-frontal, principalmente na área periorbicular, estrutura cerebral responsável por, entre outras coisas, julgamento, planejamento de longo prazo, controle dos impulsos e funções executivas. "Passa também pelo desbalanço entre níveis de testosterona contra uma baixa de níveis de serotonina, levando ao aumento dos níveis de tensão e consequente agressividade. Psicopatas têm uma menor reação ao medo. Pode haver lesão do cérebro límbico, com perda do controle sobre as emoções mais básicas, como medo e raiva. Mas, principalmente, uma relativa ausência dos neurônios-espelhos, neurônios que se responsabilizam pela capacidade de empatizar, que é uma questão fundamental em psicopatas. Vale ressaltar que não existe um gene criminoso, e as características acima, exceto a questão dos neurônios-espelho não precisam estar necessariamente presentes nestes indivíduos", destaca.

O poder da manipulação e sedução

Se tem uma coisa que vemos em obras sobre true crime é o poder de manipulação e sedução dos psicopatas, e Fábio explica o porquê: "Psicopatas são geralmente manipuladores ou sedutores, e fazem isso como parte de sua estratégia de satisfação de seus próprios instintos, fantasias ou objetivos muito pessoais. Simulam estar vivenciando o outro, manobram como forma de demonstrar interesse, podem até oferecer algo ao outro, presente, afeto, mas geralmente isso não tem relação com a felicidade do outro, isso passa por algum ganho que possa ter apenas consigo mesmo. O tempo demonstra que o afeto de um psicopata não é 'legítimo' ou 'apropriado'", finaliza o psiquiatra.