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Reclamação constante? Saiba que isso tem um preço

Trânsito, clima, trabalho, finanças, filhos. Esses são alguns dos temas da reclamação diária das pessoas. Para muitos, reclamar de alguma coisa pode parecer algo inofensivo e, até mesmo, terapêutico, mas o queixume crônico, ou a reclamação constante, tem um forte impacto na saúde mental, emocional e física. A reclamação constante fortalece redes neurais associadas ao […]

22 jan 2025 - 17h04
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Trânsito, clima, trabalho, finanças, filhos. Esses são alguns dos temas da reclamação diária das pessoas. Para muitos, reclamar de alguma coisa pode parecer algo inofensivo e, até mesmo, terapêutico, mas o queixume crônico, ou a reclamação constante, tem um forte impacto na saúde mental, emocional e física.

Foto: Shutterstock / Revista Malu

A reclamação constante fortalece redes neurais associadas ao pensamento negativo, promovendo a ativação repetitiva de circuitos no cérebro que amplificam emoções como frustração e insatisfação, explica Roselene do Espírito Santo Wagner, PhD em neurociências. "Com o tempo, essa repetição molda o cérebro, tornando-o mais propenso a reagir de forma negativa a situações cotidianas. Esse padrão pode levar a uma hiperatividade do sistema límbico, especialmente da amígdala, aumentando a vulnerabilidade à ansiedade, irritabilidade e, em casos prolongados, à depressão", completa.

A reclamação golpeia o corpo

Roselene destaca que reclamar ativa o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA), levando à liberação excessiva de cortisol, o hormônio do estresse. Isso pode manifestar-se no corpo por:

  • Dores musculares (decorrentes de tensão persistente);
  • Fadiga crônica e sensação de esgotamento;
  • Distúrbios digestivos, como náuseas, refluxo ou dor abdominal;
  • Dificuldades de sono, incluindo insônia ou sono fragmentado;
  • Sistema imunológico enfraquecido, o que pode resultar em maior suscetibilidade a infecções. (box)

Até mesmo o cérebro

Só que reclamar do sol, da chuva, do calor, do frio, e assim por diante, pode moldar a sua vida e o seu corpo de maneiras que você nunca poderia imaginar. Isso porque, alguns estudos indicam que o ato de lamentar-se demais tende a causar mudanças estruturais no cérebro. "Estudos em neurociência demonstram que o hábito de lamentar reforça a ativação repetitiva do córtex pré-frontal em estados negativos, prejudicando sua função em tarefas como planejamento e resolução de problemas. Além disso, a hiperatividade crônica da amígdala interfere na comunicação entre o sistema límbico e o córtex pré-frontal, reduzindo a capacidade de regular emoções e tomar decisões racionais. Isso cria um 'cérebro reativo', mais inclinado a problemas de atenção e menor flexibilidade cognitiva."

"Ele(a) reclama de tudo!"

Se você parar para pensar, provavelmente tem uma pessoa na sua vida que é definida por essa frase acima. E marcar qualquer evento com ela é uma tortura, porque uma coisa é fato: ela vai reclamar de alguma coisa. Ou seja, além de afetar a sua vida, se lamentar por tudo pode impactar também os relacionamentos interpessoais, o que pode levar a:  

  • Menor conectividade emocional, já que o foco excessivo nos problemas pode afastar as pessoas próximas;
  • Alterações no tônus emocional de conversas, criando barreiras para diálogos produtivos;
  • Reforço de padrões negativos no grupo, especialmente quando outros começam a replicar o comportamento;
  • Com o tempo, esse ciclo pode gerar desgaste nos relacionamentos e redução na qualidade da convivência.

Sua reclamação, seu padrão

A repetição do ato de reclamar, de acordo com Roselene, reforça circuitos neurais, tornando-o uma resposta automática e habitual. Para evitar esse padrão, é necessário reverter o processo de neuroplasticidade negativa com técnicas que promovam conexões saudáveis, como:

  • Treinamento de atenção plena: Foque ativamente em pensamentos e emoções positivas para desativar redes neurais ligadas ao negativismo;
  • Redirecionamento de foco: Sempre que surgir o impulso de reclamar, busque identificar aspectos construtivos ou possíveis soluções;
  • Técnicas de visualização: Crie imagens mentais de cenários positivos para estimular o córtex pré-frontal e reduzir a ativação do sistema límbico;
  • Exercícios de autorreflexão: Pergunte a si mesmo se a reclamação agrega valor à situação, promovendo maior autorregulação emocional.

Mude sua vida

Por fim, a especialista indica que, para mudar a sua vida e tirar o foco da reclamação, além de buscar tratamento com um psicólogo, é possível seguir os passos abaixo.

  • Análise de gatilhos: Identifique os momentos e situações que mais estimulam o impulso de reclamar, criando consciência para evitá-los ou enfrentá-los com uma perspectiva mais equilibrada;
  • Exercício de gratidão: Diariamente, registre três coisas positivas, o que ativa o circuito de recompensa cerebral e reduz o foco nos aspectos negativos;
  • Pausas estratégicas: Sempre que surgir o desejo de reclamar, pare por 10 segundos e respire profundamente, interrompendo a ativação do sistema de estresse;
  • Reforço positivo interno: Substitua a reclamação por afirmações de progresso, como "estou buscando uma solução" ou "posso lidar com isso";
  • Cuidado com o ambiente: Evite interações ou ambientes que promovam negatividade e escolha situações que favoreçam pensamentos e emoções positivas;
  • Treinamento do córtex pré-frontal: Realize atividades que exigem concentração, planejamento e criatividade (como aprender algo novo ou resolver quebra-cabeças), fortalecendo a capacidade de lidar com problemas de maneira mais construtiva;
  • Movimento físico regular: O exercício físico libera endorfina e serotonina, reduzindo o impacto do cortisol e promovendo estados emocionais positivos.

"Essas estratégias ajudam a reestruturar redes neurais de forma gradual, promovendo um cérebro mais resiliente e otimista", finaliza Roselene.

Revista Malu Revista Malu
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